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Música

Manoel Barenbein, o paranaense que produziu Chico Buarque, Caetano Veloso, Mutantes...

Produtor musical radicado em São Paulo assina alguns dos mais importantes álbuns da música brasileira

Barenbein em entrevista ao documentário “Quando Éramos Príncipes”, sobre Ronnie Von. | Reprodução/Canal Bis
Barenbein em entrevista ao documentário “Quando Éramos Príncipes”, sobre Ronnie Von. (Foto: Reprodução/Canal Bis)

Os álbuns de estreia de Chico Buarque, Caetano Veloso e Os Mutantes, o histórico “Tropicalia ou Panis et Circencis” (1968) e o cultuado sexto álbum de Jorge Ben (1969) entrariam facilmente em uma lista dos discos mais importantes da música brasileira. Mas, se olhados de perto, eles têm outra coisa em comum: a assinatura de Manoel Barenbein.

Trata-se de um produtor musical nascido em 1942 em Ponta Grossa, mas radicado em São Paulo desde os 7 anos, depois de morar cerca de um ano em Curitiba. No meio musical desde 1959, quando começou a trabalhar no rádio aos 16 anos, Manoel calhou de ser produtor na gravadora RGE quando seu então professor de violão, Toquinho (cujo primeiro disco também produziu), lhe apresentou um tal de “Chico Carioca”. Quando veio o histórico Festival da Record de 1967 e a vez dos baianos, o produtor também estava no lugar certo e na hora certa: era diretor artístico da então gravadora Phonogram, onde produziu o primeiro disco de Caetano e o disco manifesto da Tropicália, hoje às vésperas de completar 50 anos.

“Eles realizavam o meu sonho, que era fazer música brasileira com cara de música de fora do Brasil; fazer música brasileira sair do contexto do banquinho e violão”, conta Barenbein, em entrevista à Gazeta do Povo. “Quando Caetano disse que queria fazer ‘Alegria, Alegria’ com um grupo de rock, ele falou tudo o que eu queria ouvir.”

Tropicalismo

Barenbein comprou as ideias dos baianos, apostou nos Mutantes e se tornou uma espécie de “representante das ideias tropicalistas na cúpula da Philips”, como definiu o jornalista e crítico musical Carlos Calado.

O produtor é reverente ao falar dos trabalhos que considera importantes – gosta tanto de contar as histórias que estreou um quadro chamado “Histórias da Música Brasileira” no programa “RadioMetrópolis”, na Cultura FM, de São Paulo. Mas dá todo o crédito criativo aos artistas. “Sozinho, não teria feito nada”, diz.

“Meu papel sempre foi o de quem olha do lado de fora, do outro lado do balcão. De sentir como as coisas deveriam ser em uma gravação que eu iria gostar”, explica Barenbein. “Deus me deu esse dom de ter a facilidade de sentir se aquilo vai para um lado ou outro.”

Sambeatles

Além da estreia de Chico Buarque, outro disco produzido por Manoel Barenbein que completa 50 anos é um curioso LP chamado “Sambeatles”. Trata-se de um disco instrumental, gravado pelo trio do pianista gaúcho Manfredo Fest (1936-1999), com versões de samba-jazz para canções dos Beatles.

Barenbein explica que o selo em que trabalhava na época, o RGE/Fermata, era a representante da editora que administrava as composições de John Lennon e Paul McCartney. O quarteto era febre mundial, e o produtor – fã de bossa nova e do Zimbo Trio – sugeriu gravar os sucessos da banda nos moldes dos trios de samba-jazz.

“Manfredo era um dos grandes pianistas de quem eu era fã incondicional. Conversei com ele e o disco foi feito”, conta. Eles gravaram só hits, como “Can’t Buy Me Love”, “A Hard Day’s Night” e “Ticket To Ride”.

“A ideia era fazer algo diferente e mandar para fora do Brasil. E disso o Sambeatles se encarregou. Foi mandado para o mundo inteiro. E funcionou bem. As pessoas gostavam da ideia”, conta Barenbein.

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