
A cantora curitibana Maytê Corrêa faz duas apresentações no Teatro do Paiol nesta quarta e quinta-feira (dias 11 e 12), às 20h30.
Os shows darão origem ao primeiro DVD da sambista, que atualmente vive no Rio de Janeiro, para onde se mudou pela primeira vez em 2010.
Acompanhada por músicos curitibanos e cariocas, a artista vai repassar canções que gravou em seu primeiro álbum, “Deixa o Samba Ir”, lançado em 2011.
Raízes
Cantora de voz grave e de atenção voltada para as raízes afro-brasileiras do samba, Maytê interpreta composições contemporâneas, incluindo suas próprias, usando a sonoridade tradicional das rodas e evocando ritmos antigos como o jongo (em “Jongo Rasteiro”, do carioca Abel Luiz) e o ijexá (em “Eu Sou da Lua”, composição de Márcio Mania, de Curitiba).
“Vou estar no palco para mostrar a questão da raiz do samba e transportar o público para esse universo brasileiro”, conta Maytê, em entrevista para a Gazeta do Povo. “Mesmo que muito carioca, o samba tem o Brasil em sua essência. Essa mestiçagem é um valor muito bonito e autêntico do Brasil.”
Os arranjos são do músico e compositor Abel Luiz, que toca instrumentos como cavaquinho, bandolim e viola no show, ao lado de Julião Boêmio (cavaquinho), Vinícius Chamorro (violão 7 cordas) e dos percussionistas Paulo Marins, Jorge Alexandre, Panelão e Arthur Cipriani.
Para esta apresentação, a artista também conta com os sopros de Sérgio Coelho (flauta) e Marcela Zanette (flauta) e com as vozes de Juliana Cortes e Renata Melão.
“É uma mistura parecida à que aconteceu no CD, que gravei aqui, fazendo uma ponte com o pessoal do Rio”, diz Maytê.
Homenagens
Além das músicas do disco de 2011, que já tem um sucessor previsto para 2016, a cantora incluiu nas apresentações do Paiol uma homenagem a Dona Ivone Lara.
A cantora e compositora carioca é uma das principais referências de Maytê, que também cita influências que vão de Noel Rosa a Clara Nunes, passando por Elizete Cardoso, Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, Geraldo Pereira e mais uma lista que a curitibana não consegue concluir.
De Dona Ivone, Maytê vai interpretar a canção “Nasci pra Sonhar e Cantar”.
“Ela é uma mulher forte, guerreira. Foi a primeira mulher a ser aceita em escola de samba, e abriu caminhos para outras sambistas”, conta.
Entre as inéditas incluídas por Maytê no show está uma parceria póstuma da cantora com o pai, Raul José Corrêa, morto em 1992.
“Quando estava doente e não conseguia mais escrever, ele pediu que eu e minha mãe anotássemos uma poesia, que desde então ficou guardada. No ano passado, acordei com uma melodia na cabeça para esses versos. E saiu como samba”, conta Maytê. “Quando ele escreveu, não imaginou que viraria música. Ela nasceu de maneira bem espontânea. Difícil vai ser contar essa história no show sem chorar.”



