
Um show misturado a bate-papo vai apresentar a vida e a obra de Pixinguinha (1897-1973) nesta sexta (4), sábado (5)e domingo (6), no Teatro da Caixa. Os ingressos são limitados.
Idealizada pelos músicos Henrique Cazes e Marcelo Vianna (que é neto do flautista, saxofonista, compositor e arranjador), a apresentação segue um formato de “aula-espetáculo”, em que as músicas são entremeadas por histórias e informações cronológicas.
Trajetória
O show percorre desde as raízes musicais da família de Pixinguinha e o início de sua carreira, entre 1911 e 1927, até o movimento de revalorização do músico no fim da década de 1990, quase 25 anos após sua morte.
O roteiro inclui músicas dos Oito Batutas, os clássicos “Lamentos”, “Carinhoso” e “Rosa”, arranjos importantes e exemplos da contribuição de Pixinguinha para a formatação de estilos como o choro e a marchinha de carnaval.
A ideia é jogar luzes sobre a importância da obra do músico – que, na avaliação de Cazes e Vianna, teve seu legado ofuscado pela dimensão mítica que foi incutida no compositor.
“Ele virou ‘santo’ e esqueceram do músico”, diz Vianna, hoje o principal divulgador de Pixinguinha entre os familiares do compositor. “Ele foi orquestrador, maestro, fez inúmeros arranjos para orquestras, iniciou o processo de orquestração nas gravadoras e rádios brasileiras. E foi o cara que sintetizou uma linguagem genuinamente brasileira, que é o choro. Essa música deveria ser tocada aos quatro ventos. Mas o público em geral conhece apenas ‘Carinhoso’, ‘Rosa’, ‘Lamento’, e olhe lá”, explica.
Cazes, um dos responsáveis pelo movimento de revalorização da obra de Pixinguinha, conta que o músico tem um papel estruturante e organizador na música brasileira. “Ele tinha uma criatividade e capacidade de trabalho enorme, e supriu praticamente sozinho a música brasileira de arranjos entre 1928 e 1937, quando Radamés Gnattali se tornou outro importante arranjador”, explica.
“Fazendo este espetáculo, a gente reforça, sobretudo, a valorização do artista – e não a imagem de Pixinguinha de pijama, como ele apareceu na belíssima foto de Walter Firmo. Pessoas que o amavam muito o fizeram se tornar aquele mito, aquela ideia, que não contribuiu para que ele chegasse aos anos 1990 sendo entendido como o artista que foi”, diz Cazes.



