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Nina Simone sabia ser emocional e intensa no palco. | Ron Kroon 
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Nina Simone sabia ser emocional e intensa no palco.| Foto: Ron Kroon /Creative Commons

Dores de amor, desabafos políticos e até uma felicidade prepotente embalam várias das 16 faixas de “Nina Revisited”, o tributo a Nina Simone (1933-2003) disponível no serviço de streaming Spotify e lançado agora em CD (ao fim deste texto, você pode ouvir o disco). Esses sentimentos são perfeitos porque têm a ver com Nina, recentemente perfilada no documentário da Netflix “What Happened Miss Simone?”.

Além de ter uma personalidade complexa – amorosa, política, feliz e tanto mais –, Nina teria sofrido de transtorno bipolar. Essa é uma hipótese defendida pelo documentário, pois ela morreu sem ser diagnosticada. É certo que Nina, embora fosse forte e determinada em algumas situações, era extremamente frágil em outras. Assim a vida a golpeou com força. E houve vezes em que as porradas a machucaram muito.

Nina não era uma cantora de se expor como Billie Holiday – que sangrava, metaforicamente, no palco –, mas sabia ser emocional e intensa. Ainda mais quando falava de política, como em “Young, gifted and black”. A versão de Common no tributo é luminosa e faz um par perfeito com a única faixa cantada pela própria Nina, que fecha o álbum, “I wish I knew how it would feel to be free”.

Dois astros do R&B, Mary J. Blidge e Usher, dão força ao projeto. Ela com “Don’t let me be misunderstood”, ele com “My baby just cares for me”. Ambos em versões agradáveis e calminhas. Mas quem domina o disco é Lauryn Hill, não só porque participa com seis músicas, mas por ser genial como poucos são.

Lauryn gravou apenas dois discos, “The Miseducation of Lauryn Hill” (1998) e “MTV Unplugged” (2002), então desapareceu. Agora, a homenagem à Nina Simone parece perfeita para um retorno espetacular. Ela canta com seu vozeirão “Feeling Good” (intensa), “I’ve Got Life” (versando entre os refrões de Nina) e até “Ne Me Quitte Pas” (com francês carregado de sotaque, mas lindo mesmo assim).

A maioria das músicas não é composta por Nina, mas ficaram famosas com ela. As poucas letras que escreveu são quase sempre políticas e respondem às barbaridades impostas aos negros nos EUA. A mais simbólica talvez seja “Mississippi Goddam”, que Common usa no meio de “Young, gifted and black”.

Também digna de nota é a participação de Lisa Simone, filha de Nina. Ela interpreta “I want a little sugar in my bowl” e, na introdução do disco, sobre uma melodia de piano e bateria, diz apenas: “Eu tive uma mãe que sabia cantar”. Fato.

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