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Festival de Gramado

Musical tragicômico surpreende

Sinfonia da Necrópole faz piada com falta de espaço em cemitério. Cenas marcantes e personagens hilários dão força extra ao longa de diretora paulista

Musical tragicômico surpreende | Divulgação
Musical tragicômico surpreende (Foto: Divulgação)

Filmes musicais carregam consigo diversos tipos de risco. Quando o tema é a morte e na telona você ouve defuntos cantando em um cemitério de São Paulo, todos esses riscos teriam potencial gigantesco para fazer com que saíssemos em busca de pipoca. Ou de chocolate quente, no caso do 42.º Festival de Cinema de Gramado.

Sinfonia da Necrópole, longa-metragem de Juliana Rojas exibido na última quinta-feira, surpreendeu e, sem trocadilhos, deixou para trás todos os possíveis fantasmas do gênero.

A história é divertida. Deodato, um aprendiz de coveiro com talento para a música, vive uma nova rotina no cemitério em que trabalha quando Jaqueline (Luciana Paes) chega para promover o recadastramento dos túmulos abandonados. O objetivo é otimizar os mausoléus, já que "não há espaço para todos que morrem".

O trabalho ganha contornos misteriosos quando, em uma noite, "não os góticos que costumam beber vinho e comer salgadinho", mas os próprios mortos resolvem rebelar-se contra o ato de mexer com quem está em paz. É quando os defuntos cantam, em uma espécie de "Thriller" renovado. Apesar de bizarra, a cena é muito bem-produzida.

Há uma sensibilidade bem-humorada que envolve todo o filme. Em uma outra cena musical, Deodato e Jaqueline estão em um depósito, cantando sobre pequeninos caixões para criança e gigantescos ataúdes para obesos. Não é de mal gosto, acredite.

Por vezes, Sinfonia da Necrópole lembra o humor desajustado de Saneamento Básico (2007), de Jorge Furtado. Personagens hilariantes – um padre que come hóstia como aperitivo; um velhinho ansioso pela sua própria morte – e cenas engraçadíssimas, como aquela em que Deodato e Jaqueline, depois de algumas cervejas, cantam "Evidências", de Chitãozinho & Xororó em um karaokê pé sujo, também dão força ao longa.

E surpresas nem sempre são por acaso. Juliana Rojas dirigiu os curtas metragens O Lençol Branco, selecionado para o Festival de Cannes de 2005; e Um Ramo, vencedor do prêmio de Melhor Curta – Semana da Crítica, em Cannes, 2007. Sinfonia da Necrópole, um filme que dribla riscos com maestria, é seu segundo longa-metragem. GGG1/2

O jornalista viajou a convite da Oi.

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