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CD

My Way faz 40 anos e ganha nova edição

Álbum lançado por Frank Sinatra em 1969 reúne versões para canções populares da época, de Beatles a Simon & Garfunkel

Sinatra: capaz de imprimir sua personalidade em qualquer canção que interpretasse | Divulgação
Sinatra: capaz de imprimir sua personalidade em qualquer canção que interpretasse (Foto: Divulgação)

Ouvir A Voz dizendo que o fim chegou, que ele viveu a vida plena, viajou por toda parte e que, muito mais do que isso, ele fez tudo do jeito dele, é como ouvir uma história de família. A da sua família. Ao menos para quem teve pais que reverenciavam Frank Sinatra (1915-1998) e, nos fins de semana, botavam o LP My Way para tocar como quem reza antes de uma refeição. Caso deste resenhista.

Mesmo sem saber o que dizia a letra, eles reagiam como se soubessem. É um balanço de vida e, na interpretação de Sinatra – "A Voz" era um de seus epí­­­tetos –, ganha um significado ainda maior. Talvez a música mais emblemática do homem que conseguia imprimir sua marca sem esforço em qualquer coisa que decidia cantar, My Way é também o título do disco que ele gravou em 1969, agora remasterizado numa edição que marca os 40 anos do lançamento original.

Sinatra parece ter pensado a seleção de músicas em My Way exatamente para testar o alcance do seu poder. Se ele conseguia "sinatrizar" qualquer canção, ele o faria com sucessos da música pop da época – o final dos anos 60. Daí o disco incluir "Mrs. Robinson", de Paul Simon (gravada com Art Garfunkel), "Yesterday", de John Lennon e Paul McCartney, "Hallelujah, I Love Her So", de Ray Charles, e outras seis, além da faixa-título.

A nova edição conta com dois bônus: um ensaio de "For Once in My Life" e uma versão ao vivo e burocrática de "My Way", o clássico composto pelos franceses Claude François e Jacques Revaux, com letras de Gilles Thibault. Paul Anka escreveu os versos em inglês.

Os arranjos melancólicos de "My Way", a versão do estúdio, são do maestro Don Costa – também o regente da orquestra a acompanhar o cantor. Os músicos respondem por parte do impacto sobre o ouvinte. Os instrumentos surgem aos poucos, com violinos e harpa dando um toque nostálgico que, ao som dos metais, vira orgulho – ou algo próximo disso –, enquanto Sinatra admite ter mordido mais do que conseguiu mastigar.

Digitais

No fim, os Olhos Azuis (outro de seus epítetos) consegue imprimir suas digitais em todas as músicas.

A maior prova disso é "Yesterday". Você pode pensar que é impossível dissociá-la da voz de Paul McCartney. E é. Mas a regra não se aplica a Sinatra.

Embora a melodia e a letra sejam facilmente reconhecíveis, fica claro que é Sinatra interpretando uma canção do Beatles.

A experiência de ouvir Sinatra em "My Way" causa efeito semelhante ao de ver uma cena clássica do cinema, ou uma fotografia importante, ou ainda um quadro histórico. É presenciar uma obra-prima. GGGG

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