
O Face to Face nunca tocou em terras brasileiras, mas preparou para dezembro uma seqüência de shows no País, com escala em Curitiba nesta sexta-feira (12), no Curitiba Master Hall. Após um hiato de cinco anos, a banda voltou à ativa em 2008 apesar da confirmação, em 2003, de que o grupo não retornaria. "Não achamos que o Face to Face voltaria. Nós entramos em uma rotina que estava se tornando pacata", explicou o vocalista Trever Keith, em entrevista à Gazeta do Povo por e-mail.
Foram cinco anos de espera até que a banda decidisse voltar a tocar shows. "A partir do momento em que a banda tinha acabado, percebemos que o Face to Face era uma experiência única e maravilhosa que gostaríamos de voltar a fazer", contou Keith.
Agora, o Face to Face pretende se focar apenas nos shows ao vivo, e descartou qualquer possibilidade de lançar material inédito. "Não existe nenhum plano para escrever ou gravar materiais inéditos agora. Diria que a possibilidade de novas músicas está fora de questão", admitiu Keith.
Desta forma, os fãs podem esperar muitos shows, especialmente em lugares nunca antes visitados pela banda. Sobre as mudanças no gênero do punk rock ao longo dos anos, Keith explicou que sente falta de "como a imagem não era importante". "Parece que hoje as bandas estão muito preocupadas com seu cabelo e maquiagem", disparou.
O vocalista e também guitarrista vem ao Brasil acompanhado de Chad Yaro (vocal e guitarra), Scott Shiflett (baixo e vocal) e Danny Thompson (guitarra).
Confira a íntegra da entrevista:
Você disse em seu site oficial que vocês "finalmente colocaram o jogo em ordem e organizaram uma turnê pela América do Sul". O que você espera destes shows e porque estava com tanta vontade de vir ao Brasil?
Ao longo dos últimos anos, nós estávamos recebendo um número enorme de pedidos de fãs da América do Sul. Muitas bandas de punk rock que estão na ativa ao mesmo tempo em que nós estamos já estiveram por aí e acho que nós deixamos isso passar. Nós estávamos com muita vontade de ir e tocar música. Não sabemos ao certo o que esperar dos fãs, mas acredito que será muito divertido.
A banda anunciou que o término em 2003 seria permanente. O que fez com que achassem que era a hora certa de finalizar o trabalho no Face To Face?
Nós achamos que nós entramos em uma rotina que estava se tornando pacata. Scott e eu realmente queríamos tentar ir adiante com novos projetos e explorar novas coisas. Não achamos que o Face to Face voltaria. Nós percebemos, a partir do momento em que a banda tinha acabado, que o Face to Face era uma experiência única e maravilhosa e gostaríamos de voltar a fazer.
Você disse em uma entrevista ao MySpace que "não existem regras" na indústria da música hoje em dia. Você acha que parte disso é pelo fato de que as bandas não dependem mais de grandes gravadoras como era antigamente?
Acredito que é exatamente por isso. Falei não só disso, mas também especificamente sobre as bandas que conseguem se manter unidas por muito tempo ou que voltam depois de um hiato. Passamos por estes dois pontos porque achamos que tinham coisas que não eram legais de serem feitas. Mas todas as vezes em que eu olho ao meu redor eu vejo bandas fazendo as mais diversas coisas que eu achei que eram proibidas, então agora estamos fazendo o que nos deixam felizes.
Qual é o motivo da volta?
Nós realmente sentimos saudades de tocar em uma banda juntos e também dos fãs.
Neste momento vocês estão tocando músicas de antigos álbuns do Face to Face. Existe algum plano de gravação de músicas inéditas?
Não existe nenhum plano para escrever ou gravar materiais inéditos agora. Nós estamos focados nos shows ao vivo. Mas eu diria que a possibilidade de gravar novos materiais está fora de questão.
Com isso, o que os fãs devem esperar desta nova fase do Face to Face?
Muitos shows. Espero que em lugares que nós nunca fomos antes e que poderíamos voltar posteriormente.
A banda voltou com o line-up da época de "Ignorance is Bliss", no entanto, vocês disseram que não tocariam músicas deste álbum. Por que estas canções são "proibidas"?
Nada é realmente "proibido", mas nós tomamos a decisão de que o material de "Ignorance is Bliss" não entra no clima de um set de punk rock.
Os membros da banda fizeram diversos projetos solo e também tocaram com outras bandas ao longo dos anos. Você acha que é importante não manter o foco em apenas uma banda, de modo que o conhecimento fica um pouco mais amplo?
Eu acho importante trabalhar em coisas que nos inspiram criativamente. É esta a razão de fazermos trabalhos externos. Eu espero continuar com estes projetos enquanto mantemos o Face to Face vivo. Você acha que o punk rock hoje é diferente do que era quando a banda começou? O que mudou neste gênero? Existe alguma coisa que você sente falta dos velhos tempos do Face to Face?
Tudo mudou. Eu sinto falta de como a imagem não era importante. Parece que hoje as bandas estão muito preocupadas com seu cabelo e maquiagem.



