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Artes Visuais

Nas férias, museus de Curitiba trazem atrações de peso e interesse

O que dizer de um artista que pega quadrinhos, escolhe algumas imagens, e faz cópias delas em grande escala? Era o que fazia Roy Lichtenstein no início dos anos 60.

Os alvos eram alguns quadrinhistas menos conhecidos, como Irv Novick, Jerry Grandinetti, Russ Heath, e Tony Abruzzo. Os trabalhos, que não eram cópias exatas, foram cunhados de banais, e até teve gente querendo processar o artista. Depois, Lichtenstein não emulava apenas quadrinhos, mas anúncios de revistas, páginas amarelas de listas telefônicas, sinais de trânsito, e qualquer coisa que representasse a sociedade massificada de sua época. Em um tempo em que a arte parecia centrada em si mesma, Lichtenstein reiterava que ela estava ao nosso redor, no mundo de coisas resolvidas, conhecidas, banais, e até "feias". Talvez por isso, hoje seu esforço pareça tão atual, e sua consagração como expoente da Pop Arte seja tão justa.

Os curitibanos têm a rara oportunidade de conferir as obras e, principalmente, o processo de criação de Lichtenstein na exposição "Vida Animada", em cartaz no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A ocasião é especial porque é a primeira vez em que uma individual do artista pode ser visitada na América Latina. A mostra veio para cá em dezembro, depois de passar por São Paulo, e ficará aberta até o dia cinco de março. É bastante tempo para quem perdeu a chance levado pela agitação natalina e festividades de fim de ano.

O mesmo vale para "Droog Design - 10 + 1 anos de design de Vanguarda Holandesa". A mostra, instalada no "olho" do MON, reúne dezenas de objetos criados pelo escritório do Droog Design, que congrega um grupo de designers "experimentais" holandeses. O espaço é dividido sob diferentes temáticas, reunindo emprego diferenciado de objetos já conhecidos, ou reaproveitamento de materiais usados.

Uma das seções mais interessantes congrega objetos desenvolvidos para um hotel de uma estrela, em Milão, na Itália. A equipe instalou no hotel propostas de design inusitadas, como um relógio cuco digital, um cama apoiada por bolinhas de gude, camisas-luminárias, banheiras portáteis, medidor de calorias para escadarias, e assim por diante. Outras idéias trabalham ambientes do lar, como é o caso do banheiro com radiadores para calefação em forma florida formação florida e uma pequena cachoeira de pedra que substitui uma ducha comum. Ainda é possível achar luminárias que também servem para exercícios de ginástica e uma "cadeira personalizada", ou seja, uma caixa de metal que deve ser socada com um martelo pelo usuário até tomar a forma de um assento.

Outras duas exposições do museu, também inauguradas no final de dezembro, relacionam-se intimamente com o Brasil. "A Arte Sob o Olhar de Djanira" traz um conjunto de 80 obras do acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. As pinturas, desenhos, gravuras e matrizes demonstram a diversidade e o processo de produção de Djanira Motta e Silva (1914-1979). Nascida em Avaré, em São Paulo, iniciou-se nas artes enquanto estava doente de tuberculose. Investiu no ofício, recebendo influência de Emeric Marcier, antes de mudar-se para Estados Unidos, onde se aproximou de Pieter Brueghel e conheceu Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, resolveu dedicar-se ao país, seu imaginário, e sua gente. Esse viés está presente na exposição instalada no MON, ao reunir registros das festas, da religião, da paisagem, das crianças e do trabalho em diferentes cantos da nação.

O Brasil, e mais especificamente a memória da cultura africana, também é tema de "Para Nunca Esquecer: Negras memórias, Memórias de Negros", que reúne poesias, fotografias, vestimentas, documentos, mapas e outras peças que testemunham a influência da cultura africana na identidade brasileira.

Grátis

Uma visita obrigatória, não apenas porque é gratuita, é o 61.º Salão Paranaense. O evento congrega trabalhos de 23 artistas, entre convidados, participantes selecionados, e artistas estrangeiros. O evento, um dos mais antigos do gênero, tornou-se bienal nesta edição e tradicionalmente abriga novas tendências na produção da arte contemporânea.

Confira o roteiro de exposições

Serviço:

"Vida Animada – Desenhos de Roy Lichtenstein". Até 5 de março. Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), Tel.: 3350-4418. De terça a domingo, das 10h às 18h30. Entrada: R$ 4,00 (adultos), R$ 2,00 (estudantes), livre (crianças de até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas).

"Simply Droog (Simplesmente Droog) – 10 + 1 anos de design de Vanguarda Holandesa". Até 5 de fevereiro. Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), Tel.: 3350-4418. De terça a domingo, das 10h às 18h30. Entrada: R$ 4,00 (adultos), R$ 2,00 (estudantes), livre (crianças de até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas).

"A Arte sob o Olhar de Djanira – Coleção Museu Nacional de Belas Artes. Gravuras, desenhos e pinturas de Djanira da Motta e Silva". Até 19 de março. Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), Tel.: 3350-4418. De terça a domingo, das 10h às 18h30. Entrada: R$ 4,00 (adultos), R$ 2,00 (estudantes), livre (crianças de até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas).

"Negras Memórias: Memórias de Negros – Esculturas, pinturas, fotografias, filmes e objetos de ouro e prata narram o legado da cultura africana no Brasil". Até abril. Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), Tel.: 3350-4418. De terça a domingo, das 10h às 18h30. Entrada: R$ 4,00 (adultos), R$ 2,00 (estudantes), livre (crianças de até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas).

"61º Salão Paranaense – Mostra de Arte Contemporânea". MAC (R. Desembargador Westphalen, 16), Tel.: 3323-5327. De terça a sexta-feira, das 10h às 19h; sábados e domingos, das 10h às 16h.

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