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Vídeo| Foto: Reprodução Rede Globo

As peças paranaenses predominam no Fringe, mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba, que este ano acontece de 22 de março a 1.º de abril. Boa parte delas já esteve em cartaz nos teatros da cidade ao longo de 2006 ou mesmo em mostras anteriores do Fringe. Entre as poucas estréias locais, algumas podem surpreender.

O diretor Márcio Mattana estréia a peça Menos Emergências, uma reunião de três histórias curtas. Na primeira, uma mulher se casa muito cedo. A segunda reconstitui um massacre em uma escola. Na cena final, um casal veleja pelo mundo, enquanto o filho está trancado em casa, em uma cidade em plena guerra civil. São personagens que pertencem a histórias contadas no palco por Gabriel Gorosito, Cyd Correa, Renata Hardy e Andrea Obrecht.

Mattana dirige os mesmos atores em outra boa pedida da mostra: os garçons vão servir o público com Aperitivos feitos com ingredientes insólitos e triviais do cotidiano. Este é o nome do espetáculo desenvolvido em 2004 a partir de seis peças curtas ainda inéditas nos palcos brasileiros do norte-americano Mark Harvey Levine.

Entre outras estréias que adaptam trechos ou contos alheios está Esse Amor Bandido, uma tragicomédia da Imprevisível Cia. de Teatro, baseada em dois textos teatrais de uma dos mais destacados cronistas cariocas do século 19, João do Rio. Já Coquetel de Emoções, da diretora Marina Machado, oferece um pot-pourri de grandes obras do teatro como Romeu e Julieta, Casa de Bonecas, Os Sete Gatinhos, Lisístrata e Navalha na Carne.

O escritor Caio Fernando Abreu é relembrado na adaptação Coração de Gás Neon, dirigida por Pagu Leal. O personagem central da história perde seu amor e, desesperado, parte à sua procura, na rua, sob a chuva, ou na mesa de bar, expondo ao público sua intimidade e a solidão típica do mundo urbano moderno.

Até mesmo um cineasta serviu de inspiração para os palcos. Kubrick 5.1, que emenda as apresentações no FTC com uma primeira temporada iniciada na última quarta-feira (7), no Teatro Regina Vogue, é uma homenagem ao cineasta Stanley Kubrick, falecido em 1999, cuja obra formada por clássicos como 2001 – Uma Odisséia no Espaço e O Iluminado integra o cânone do cinema universal. A grande novidade do espetáculo dirigido por Gerson Delliano é o peso dado à música, que pode se sobrepor até mesmo à dramaturgia, bem ao estilo do cineasta norte-americano. O público vai se sentir em uma sala de projeção ao ouvir os sons da montagem em áudio padrão 5.1 – dolby system.

A grande ópera de Puccini, Madame Butterfly, transformou-se em um estudo de Paulo Biscaia Filho, em 1989, para investigar os constrastes entre a cultura oriental e ocidental. O diretor Jorge Sada estréia na mostra Fringe uma remontagem do espetáculo, encenada pelo Núcleo de Teatro Profissional Cena Hum.

E, por falar em Biscaia, sua companhia Vigor Mortis comemora dez anos com a estréia de uma peça que promete ser impagável: Garotas Vampiras Nunca Bebem Vinho, um monólogo sobre uma vampira amadora, interpretada por Mariana Zanette. O diretor apresenta a montagem Graphic, última produção da Vigor Mortis, na mostra de peças que concorrem ao Prêmio Gralha Azul, que será anunciado no dia 30 de março, durante o Festival. A comédia concorre nas categorias melhor espetáculo, direção, ator, cenografia, iluminação e texto.

Aos "shakespearianos"

Entre as poucas adaptações da obra de Shakespeare que aparecem no FTC deste ano, está a inédita O Jogo do Poder Segundo William Shakespeare, que reúne trechos de variadas obras do autor inglês como Othelo, Macbeth, Rei Lear e Ricardo III e tem como tema central de discussão a ambição pelo poder.

A comédia Os Bobos de Shakespeare, dirigida por Laercio Ruffa, também reúne textos do bardo inglês, desta vez para discutir questões contemporâneas relacionadas ao papel do homem na sociedade, sob a forma de um monólogo protagonizado pelo ator Thadeu Peronne.

O roteiro foi escrito por Edson Bueno, que participa da mostra como autor e diretor de outros três espetáculos: O Longo Caminho – uma compilação de idéias de escritores como Julio Cortazar, Franz Kafka, Clarice Lispector, o próprio Shakespeare, Lewis Carrol e Oscar Wilde –, Projeto Poe: O Corvo e Psicose – A Comédia.

Como solucionar o problema das crianças de rua em Curitiba? O argumento irônico e radical do autor Jonathan Swift, que em 1729 buscava chamar a atenção para a situação de penúria da Irlanda, recebe adaptação para a realidade local em uma peça de nome comprido (vale anotar para lembrar): Modesta Proposta para Que as Crianças de Curitiba Não Sejam Um Fardo para Seus Pais ou para a Sua Cidade, de Fábio Salvatti.

Para quem ainda não viu Sofia nas edições anteriores do Fringe, eis a chance de conferir o espetáculo teatral inspirado no romance O Mundo de Sofia, romance do norueguês Jostein Gaarder que une ficção e lições de história da filosofia. A montagem de Valdir Fagundes ganha toques de metalingüística quando a adolescente Sofia, a protagonista do livro, descobre que é apenas uma personagem de uma peça teatral.

E, por falar em teatro, o grupo AtuaFesp encena o espetáculo O Mambembe, dirigido por Anna Zétola, que revela a organização de uma companhia de teatro mambembe, os tipos que a compõem, o relacionamento com o público, as crises financeiras, os problemas com as autoridades locais, com a burocracia e com o repertório. Zétola também se dirige ao público adolescente, no montagem Alô, Alô Brasil, sobre cidadania, e aos "quarentões", na comédia 40.Cão.

Não vão faltar adaptações de obras de ficção, com destaque para Rumo à Terra, dirigida por Fátima Ortiz, que utiliza a linguagem do Bufão, uma máscara ancestral, para abordar temas contidos nos poemas reunidos por Walt Whitman em Folhas de Relva: vida, morte, liberdade, homem, mulher, animais, natureza, a equivalência das coisas, as contradições e os valores eternos.

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