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Marcelo Bratke e a Camerata Brasil, o projeto sociocultural que lidera, já se apresentaram em salas como o Carnegie Hall, em Nova York | Divulgação
Marcelo Bratke e a Camerata Brasil, o projeto sociocultural que lidera, já se apresentaram em salas como o Carnegie Hall, em Nova York| Foto: Divulgação

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Marcelo Bratke & Camerata Brasil - Capela Santa Maria – Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Hoje, às 20 horas. Entrada franca.

O pianista paulistano Marcelo Bratke apresenta o concerto Tom Jobim Plural hoje, às 20 horas, na Capela Santa Maria, ao lado da Camerata Brasil – projeto sociocultural que criou para formar jovens músicos moradores da periferia de Vitória (ES).

Complementado por um "filme-cenário" assinado pela artista plástica Mariannita Luzzati – esposa de Bratke –, o concerto liga composições de Tom que têm alguma relação com a natureza.

"Os compositores que estamos homenageando desde o início do projeto da Camerata Brasil – Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Tom Jobim e, futuramente, Dorival Caymmi – têm, todos eles, uma ligação muito forte com esse tema", explica o pianista, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.

É a deixa para o diálogo com um dos trabalhos de Mariannita, que retrata cidades como Rio de Janeiro, Vitória e Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) suprimindo suas transformações urbanas e revelando suas geologias originais. "Somos aficionados pela natureza", conta Bratke.

O conceito também é aproveitado em arranjos de composições como "Stone Flower", "Chovendo na Roseira" e "Sabiá", que incluem instrumentos como um apito de caça de Cachoeiro de Itapemirim (ES), que imita pios de pássaros, pedaços de lata que reproduzem o som do vento e chocalhos que remetem à chuva – vários deles coletados pela Camerata Brasil em suas turnês pelo país. "As orquestrações trazem os elementos da natureza brasileira de volta para a música de Jobim", diz Bratke.

O pianista conta que os arranjos, assinados por ele, Abel Rocha e Felipe Senna, mantêm as harmonias de Tom Jobim como "espinha dorsal". Mas abrem espaços para elementos que vem descobrindo conforme se aprofunda na música popular brasileira.

"Entram também o baião, o samba, o pandeiro rasgado, o berimbau. É como se fosse toda a paleta sonora que o Tom desenvolveu, toda misturada nessa nossa experiência", afirma Bratke, que cita o uso do congo em "Garota de Ipanema".

"São coisas antropológicas sobre o regionalismo brasileiro – por isso o nome Tom Jobim Plural. Pegamos o ritmo do congo, que é do Espírito Santo, a sede do Camerata Brasil. É um ritmo que está morrendo. Os próprios garotos não queriam tocar, porque é meio pejorativo lá – só descendentes de índios e famílias afro-brasileiras tocam. E fazemos um casamento com ‘Garota de Ipanema’, que retrata a classe média brasileira nos anos 1960", explica.

Além do piano de Bratke, os arranjos contam com violino, violoncelo, clarinete, flauta e percussão da Camerata Brasil.

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Bratke, nome importante da música clássica brasileira radicado em Londres, conta que os artistas com quem vem colaborando – como Naná Vasconcelos, Sandy, Fernanda Takai, Dori Caymmi e Milton Nascimento – o estão ensinando sobre a música popular. "Através da música de Villa-Lobos, que venho promovendo no exterior, e dessas parcerias, estou mergulhando na fonte da música popular brasileira", diz o pianista. "A música popular e a erudita se misturam com muito mais liberdade aqui no Brasil."

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