
Nelly Furtado tem 31 anos, 1,57m, olhos verdes, pais açorianos, passaporte canadense, casa em Toronto, vinte milhões de discos vendidos, oito Grammys na estante, uma filha de seis anos chamada Navis, um ex-namorado DJ de nome artístico Lil'Jazz, um marido cubano apelidado "Demo", 778 mil seguidores no Twitter e um show marcado para o próximo domingo (28), no Rio, na Arena. Do outro lado da linha, por "recomendação" da produção, alguém tem só dez minutos para conversar com ela. Whoa, Nelly, isso não é justo.
"É pouco tempo, não é?", diz ela, em português razoavelmente claro. "Mas vamos tentar conversar bastante mesmo assim", acrescentou.
Nelly é assim: uma simpatia em pessoas. Difícil é saber qual delas vai estar no palco. A Nelly neo-hippie dos dois primeiros discos - "Whoa, Nelly!" (2000) e "Folklore" (2003), dos hits "I'm like a bird" e "Força" (composto para a Eurocopa, realizada em Portugal no ano seguinte)? A Nelly que já cantou com o grupo de hip hop Jurassic Five? A Nelly que ganhou um banho de loja e virou uma gos-to-sa no elétrico e dançante "Loose", produzido pelo midas Timbaland? Ou a Nelly latina do seu mais recente disco, "Mi plan", cantado em espanhol?
"Acho que os brasileiros verão um pouco de cada uma delas", garante ela, já mais à vontade, falando em inglês. "Devo tocar músicas de todos os meus discos e mostrar as minhas diversas facetas. Acho que posso entrar em qualquer personagem para me comunicar com os meus fãs. Até mesmo um momento voz e piano pode rolar. Tudo é possível no palco", disse.
Verdade seja dita: Nelly sempre foi multifacetada. Ela começou a carreira cantando hip hop em clubes de Toronto, mas seu background inclui também fado, bossa nova, MPB (é fã de Caetano Veloso, de quem diz ter todos os discos), folk e rock.
"Gosto de música urbana, e esse conceito pode ser bem elástico, dependendo de onde você cresceu", conta ela.
Sua versatilidade já chamou a atenção do cinema. Recentemente, participou do filme "Max Payne", uma adaptação do videogame homônimo. estrelada por Mark Whalberg, que já foi conhecido como o cantor de rap Marky Mark.
"Foi divertido, mas eu fiquei muito nervosa por estar ao lado do Mark", confessa. "Eu era completamente apaixonada por ele quando era adolescente", frisa.
O filme não fez muito sucesso, e há grandes chances de que isso se repita na próxima incursão de Nelly pelas telas, no filme "Score", descrito como um musical sobre hóquei, com participação de Olivia Newton-John.
"Parece estranho, não? Principalmente para vocês, brasileiros, que não gostam tanto de hóquei quanto os canadenses. Mas vai ser uma comédia bem leve. Meu papel é pequeno, de uma fã, bem nerd", fala.
Enquanto os tomates podres não chegam, ela segue com sua carreira musical. No fim do ano, anunciou, pelo Twitter, que seu próximo disco se chamaria "Lifestyle".
"Ele foi produzido por Salaam Remi, que já havia trabalhado comigo em "Mi plan", e com Amy Winehouse. É mais uma mudança, em busca de um novo som", disse.
Nelly adora "tuitar"
"Gosto mesmo. Você fala direto com os fãs, sem filtros, dá notícias, pede opiniões. Acho engraçado quando não acreditam que sou eu mesma seguindo alguém", finaliza a cantora.



