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Música

Newton Schner Jr., o pianista autodidata

Aos 25 anos, músico ponta-grossense que aprendeu a tocar sozinho já gravou onze discos e começa a fazer sucesso na Europa

“O interesse pela música simplesmente apareceu. Como a gente tinha piano em casa, eu fui me arriscando sozinho e as canções foram surgindo.” - Newton Schner Júnior, pianista | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
“O interesse pela música simplesmente apareceu. Como a gente tinha piano em casa, eu fui me arriscando sozinho e as canções foram surgindo.” - Newton Schner Júnior, pianista (Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo)

Ponta Grossa - Os olhares fixam atentamente as teclas. Os cabelos compridos até os ombros cobrem parte de seu rosto. Os dedos estalam. Os olhos agora se fecham. As mãos deslizam delicadamente pelo teclado a uma velocidade assombrosa. O som pesado, e ao mesmo tempo delicado, toma conta de todo o ambiente. As pessoas, estáticas, simplesmente admiram. Quando Newton Schner Júnior senta ao piano, o mundo todo parece parar. Tímido, o pianista prefere nem olhar para o público. Seu único interesse é tocar.

Sem partituras, o ponta-grossense Newton puxa da memória suas 66 canções compostas – 50 delas já gravadas em 11 álbuns. Sucesso na cidade onde nasceu, ele começa a ver as trilhas da fama se esboçarem também na Europa. Seus discos – sendo dez CDs e um LP – já circulam por países como Alemanha, Bulgária e Rússia. Os shows ainda estão restritos ao Brasil. A maioria em Ponta Grossa e alguns em Santa Catarina, nas cidades de Brusque e Pomerode.

Interesse

Descendente de alemão, o pianista de 25 anos se interessou pela música quando tinha 18. Não frequentou escolas, nem nada parecido. Apesar de seu pai, falecido em 2007, ter sido membro da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, também tocando piano, Newton sempre driblou a vontade que o mais velho tinha de ensiná-lo a arte da música. "Quando era criança, tinha coisas mais interessantes para fazer, como jogar video game ou assistir à televisão", comenta.

Mas quando o desejo de aprender piano apareceu, seu pai, que também era médico, já não estava mais disposto a ensiná-lo. "Ele chegava ao piano, tocava e dizia: ‘viu? É assim que se faz’", conta Newton.

O que poderia ser um balde de água fria no pretenso pianista foi, na verdade, mais um estímulo em sua carreira. "O interesse pela música simplesmente apareceu. Como a gente tinha piano em casa, eu fui me arriscando sozinho e as canções foram surgindo", afirma. Assim, sem nenhum ressentimento, o músico aprendeu a tocar o instrumento sem a ajuda de ninguém. Atualmente, ele está correndo atrás do prejuízo, frequentando aulas para aprender a ler partituras. "Estou fazendo um processo inverso. Ao invés de aprender em escolas, como a maioria faz, aprendi sozinho e agora é que estou estudando música", relata.

O mais surpreendente no talento do pianista é a forma de compor suas canções. Para produzir o estilo que ele define como neoclássico, romântico e melancólico, o pianista se baseia em sua vida pessoal e na literatura alemã. "Tenho um álbum baseado no Os Bandoleiros de Schiller e um em Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe. Tenho também um trabalho inteiro em memória de meu pai", relata.

Newton chega a gravar dezenas de composições no momento em que as canções estão sendo criadas. "Eu começo a tocar e a música flui. Já gravei diversas no momento em que a canção nascia. Não sei explicar como é esse processo. Simplesmente acontece", diz o músico.

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