Ponta Grossa - Desmistificar o glamour da dança e levá-la às mais distintas classes sociais. Com esse propósito nascia há dez anos a primeira edição do Setembro em Dança, em Ponta Grossa. O evento já soma cerca de 400 espetáculos nesse período. Com apresentações gratuitas até o dia 30 deste mês, cerca de 40 grupos da cidade e de outras regiões do Paraná se apresentam por vários espaços da cidade, sejam creches, escolas públicas, associações de moradores ou praças. Os estilos são variados. Vão do balé clássico à dança de rua, do sapateado ao vanerão.
Na sua décima edição, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura em parceria com os 26 grupos de dança da cidade, o projeto pretende alcançar outros horizontes. O principal deles é estimular crianças e adolescentes a darem seus primeiros passos no ritmo da dança. "Nesses dez anos houve uma injeção de ânimo em todos os grupos e academias de Ponta Grossa. E com certeza, com a consolidação do Setembro em Dança, queremos que essa evolução permaneça. Para isso, é essencial atrair novos dançarinos", afirma a secretária de Cultura, Elizabeth Schmidt.
Mas a fórmula para esse objetivo se tornar realidade não é tão simples quanto parece. Deve-se, sobretudo, batalhar para que meninos e meninas das mais diferentes idades se interessem pela dança e também superem os preconceitos. "Tem muita gente que é preconceituosa com a dança, principalmente quando meninos sobem ao palco", lamenta a professora de balé Olinka Dalabona Brustolin.
Uma das receitas encontradas pelos organizadores é exatamente descentralizar os espetáculos e levá-los diretamente à comunidade. "Nem todos têm condições financeiras para vir ao centro assistir às apresentações. Por isso, nós temos anualmente levado a cultura para o povo de forma gratuita", destaca Elizabeth. Com isso, dos 12 dias agendados para apresentações, metade será realizada em locais públicos ou de concentração massiva de pessoas, como shoppings e escolas.
"A ideia é exatamente levar a cultura para todas as pessoas. É essencial mostrar os espetáculos para toda a sociedade. Assim, pessoas que muitas vezes não teriam condições de conhecer determinado estilo de dança ficam interessadas em entrar no mundo da arte", aponta Roseli Pissaia, coordenadora de um grupo de dança que participou de todas as edições do projeto. Segundo ela, muitos ainda acreditam que apenas pessoas com melhores condições financeiras podem custear os gastos com a dança. "Mas não é assim. O que sempre sobressai é o talento, e ele não escolhe classe social", enfatiza.
Olinka vai além. Para ela, além de ter a possibilidade de que novos craques no sapateado ou no balé venham ao encontro da dança, o Setembro em Dança cria algo que, para ela, possui valor inigualável: o contato com a arte. "A população, de um modo geral, é carente por cultura. E percebemos a alegria das pessoas ao receber um espetáculo. Já dançamos em creches, praças e até hospitais. A sensação, tanto para nós quanto para o público, é indescritível", destaca.



