Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Música

Nos embalos de Belle and Sebastian

Girls in Peacetime Want to Dance, nono disco de estúdio da banda escocesa ícone do indie rock, acena para a música eletrônica

Com referências literárias em suas músicas intimistas, sexteto é responsável por álbuns históricos, como If You Are Feeling Sinister (1998). Último disco do grupo, no entanto, vai no caminho oposto | Divulgação
Com referências literárias em suas músicas intimistas, sexteto é responsável por álbuns históricos, como If You Are Feeling Sinister (1998). Último disco do grupo, no entanto, vai no caminho oposto (Foto: Divulgação)
 |

1 de 1

Com lançamento marcado para o fim do mês no Brasil (em CD, pelo selo LAB 344) e já disponível no Spotify, Girls in Peacetime Want to Dance é o nono álbum (e o primeiro em mais de quatro anos) do Belle and Sebastian, uma das bandas mais idolatradas do indie rock internacional.

Um rapaz e duas moças (uma com uma arma, outra com muletas), em tradicional foto em preto e branco, estão na capa do disco. Coisas que só o líder do grupo escocês – o vocalista e compositor Stuart Murdoch–poderá explicar, segundo informa o tecladista e um dos fundadores do B&S Chris Geddes.

"Era uma ideia que Stuart tinha há algum tempo, sobre uma garota que passou pela guerra e que foi transformada num robô. Os tempos de paz chegaram, ela quer dançar, mas tem aquelas pernas de robô, o que é meio trágico", conta ele. "Há, no disco, muitas canções para as pistas de dança com referências à guerra. Há, inclusive, um verso na faixa de abertura, 'Nobody's Empire', que diz: 'Se vivemos pelos livros e vivemos pela esperança, podemos virar alvo para a artilharia?'. Estava falando com Stuart que, à luz dos acontecimentos recentes [o ataque terrorista ao jornal satírico francês Charlie Hebdo], ela parece algo extraordinariamente profético. E a letra não foi escrita com pensamentos políticos, mas pessoais."

O novo disco chamou a atenção dos que acompanham o Belle and Sebastian pelo desembaraço com que os músicos se enfronharam no cânone do pop dançante eletrônico em faixas como "The Party Line" e "Enter Sylvia Plath".

"Já existia uma noção de como o disco iria caminhar. Quando Stuart chegou com 'Enter Sylvia Plath', ele não fez como de costume, que é mostrar a música no violão ou no piano. Ele me pediu para programar uma linha de baixo, e a partir dela é que começamos a arranjar a canção", conta Geddes.

"Esse longo hiato entre os nossos últimos discos se deve ao fato de Stuart ter feito um filme [o drama musical God Help the Girl, que teve exibição no ano passado no Festival de Sundance] no intervalo. Além disso, demoramos um pouco para escolher o produtor e para acertar com ele o cronograma de trabalho". Girls foi gravado em Atlanta, nos Estados Unidos, com o produtor Ben H. Allen, que trabalhou com artistas como Animal Collective e Cee-Lo Green.

Nas últimas semanas, a Matador, gravadora americana que lança os discos do grupo, liberou faixas no YouTube e em streaming. A estratégia retardou a chegada do álbum às lojas e não agradou ao tecladista. "Até ele sair, fizemos alguns retoques que normalmente não faríamos."

O Belle and Sebastian já está na estrada para promover o novo disco, em shows pela Austrália e pela Nova Zelândia. "No palco, uso o laptop para disparar as baterias eletrônicas e as sequências de sintetizadores das músicas. Em 'Sylvia Plath', são quatro teclados!," conta Geddes. "Em canções antigas, como "The Boy With the Arab Strap" [do álbum de mesmo título], nós voltamos ao instrumental antigo, com as guitarras de sempre."

>No palco

Banda se diz mais "profissional" e quer voltar ao Brasil em 2015

Os quase 20 anos de carreira (a banda foi fundada em 1996) contam bastante para a naturalidade que o Belle and Sebastian apresenta hoje nos shows. "No começo, éramos realmente meio amadores. Tínhamos um compositor fantástico, mas não éramos muito bons como banda. Hoje em dia, sinto-me bem mais profissional", admite o tecladista Chris Geddes.

Com shows agendados para este ano em alguns dos principais festivais de música do mundo, como os americanos Coachella e o Bonnaroo, o B&S desfruta de uma posição curiosa: é uma banda de grande popularidade, mas dentro dos estreitos limites do rock alternativo.

"Podemos tocar na Ásia e na América do Sul, nossa música se conecta com pessoas de todo canto. Ao mesmo tempo, estamos distantes do mainstream. Quando tocamos em festivais, conseguimos ver o porquê de bandas como Franz Ferdinand e The National seram maiores do que nós. A comunicação que elas conseguem estabelecer com o público é bem mais direta", acredita Geddes, reconhecendo que a banda tem fãs realmente comprometidos com sua visão artística. "Quando viemos ao Brasil pela primeira vez [em 2001, para o Free Jazz Festival] nunca escondemos a nossa paixão pela música do país. E as pessoas nos acolheram de uma forma muito afetuosa, o que nos deixou muito orgulhosos."

A volta da banda ao Brasil, onde esteve pela última vez em 2010, é uma possibilidade bastante concreta. "Com sorte, até o final do ano passaremos por aí", afirma o músico.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.