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Com o recente sucesso das mostras de filmes brasileiros no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo, os últimos meses do ano passaram a ser o início de nova temporada do cinema nacional. É neste período que as distribuidoras estão concentrando a maior parte dos lançamentos brazucas – de preferência, depois de uma boa acolhida em uma das mostras citadas, cujas seleções estão cada vez mais disputadas.

A safra 2006/07 do cinema brasileiro apresenta bons títulos, assim como a temporada passada, marcada por ótimos trabalhos como Cinema, Aspirinas e Urubus, Cidade Baixa, Crime Delicado e A Máquina. Destaque do Festival do Rio (encerrado na última quinta-feira), em que foi ovacionado pelo público, o primeiro dos novos títulos que chama a atenção é O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburguer, com estréia prevista para 2 de novembro.

O diretor paulista, conhecido por seu trabalho com o público infantil na televisão e no cinema com a série Castelo Rá-Tim-Bum, cria uma história referente à sua infância, nos anos 70. O protagonista do longa é o garoto Mauro (o estreante Michel Joelsas), que acaba ficando aos cuidados de uma comunidade judaica paulista enquanto os pais são perseguidos pela ditadura. A criança é apresentada a um novo universo e fica dividida, pois vive a difícil expectativa do retorno dos pais ao mesmo tempo em que se diverte torcendo pelo Brasil na Copa de 70. O tom emocional da trama levou muita gente às lágrimas nas sessões no Rio de Janeiro, mostrando que a produção tem potencial para ser um grande sucesso quando chegar aos cinemas – terá lançamento de médio porte, com cerca de 70 cópias.

Outra estréia importante de novembro é O Céu de Suely, segundo longa-metragem de Karim Aïnouz, do elogiado Madame Satã. Diferente do ousado trabalho de estréia, o cineasta opta por um caminho mais intimista para contar a história de uma mulher que decide rifar a si mesma para ir embora de uma cidade do interior nordestino.

Hermila (Hermila Guedes) emigrou para a cidade grande mas teve que retornar à terra natal. Ela chega com o filho pequeno para começar vida nova com o jovem marido, que no entanto desiste de voltar. Para conseguir o dinheiro necessário para fugir do local, ela muda de nome (para Suely) e oferece a oportunidade de um desconhecido desfrutar de seu corpo por uma noite. O filme deve chegar aos cinemas no dia 17 de novembro e terá um lançamento pequeno, com poucas cópias (menos de dez).

Antes dessas duas produções, devem estrear em outubro alguns filmes nacionais de apelo mais comercial. O primeiro é a comédia Muito Gelo e Dois Dedos d’Água, nova comédia de Daniel Filho, o campeão brasileiro de bilheteria de 2006 com Se Eu Fosse Você. Lançado na última sexta, o filme é strelado por Mariana Ximenes (que volta ao cinema depois de causar impacto em O Invasor).

No dia 27, chegam aos cinemas: Fica Comigo Esta Noite, de João Falcão (A Máquina), baseado na peça homônima de sucesso, com Aline Moraes e Vladimir Brichta; o fraco Sonhos e Desejos, de Marcelo Santiago, mas um filme que tem como pano de fundo o período da ditadura; e Caixa Dois, mais uma comédia de Bruno Barreto (Bossa Nova, O Casamento de Romeu e Julieta), dessa vez protagonizada por Giovanna Antonelli.

Na próxima quinta-feira, será lançado em algumas capitais o divertido Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock-n-Roll, o primeiro longa-metragem de animação do gaúcho Otto Guerra, baseado nos diversos personagens criados pelo cartunista Angeli. A data também foi escolhida para o relançamento de Cinemas, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes. O candidato brasileiro a uma indicação ao Oscar 2007 chegará ao público em um circuito de quase 30 salas, bem mais amplo do que seu lançamento original, no ano passado. Confira os demais filmes nacionais deste ano no quadro ao lado.

Ainda sem data confirmada, estreiam no primeiro trimestre de 2007: O Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia, com Selton Mello, que está ganhando aura cult; o interessante Os 12 Trabalhos, de Ricardo Elias, ficção sobre o universo dos motoboys de São Paulo; e Antônia, de Tata Amaral, que vira série de tevê ainda em novembro de 2006.

Opções não faltam. Resta conferir se os filmes serão bem distribuídos, conseguindo aproximar mais o cinema brasileiro de seu próprio público, uma relação que ainda não se concretizou satisfatoriamente, com algumas raras exceções.

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