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Música

Novas gerações encontram Belchior

Artistas do cenário independente brasileiro – três deles, paranaenses – se unem para regravar Alucinação, disco lançado pelo cearense em 1976

Rodrigo Lemos participa da coletânea com uma regravação de “Não Leve Flores” | Antônio More/Gazeta do Povo
Rodrigo Lemos participa da coletânea com uma regravação de “Não Leve Flores” (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)
Belchior, em uma de suas últimas aparições públicas, em 2012: sumiço desde 2009 |

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Belchior, em uma de suas últimas aparições públicas, em 2012: sumiço desde 2009

Desde 2009, Belchior vem protagonizando uma estranha história de desaparecimento que nem parentes e amigos próximos entendem, segundo relatam citações pontuais a seu nome na imprensa durante este período. A carreira do cantor e compositor cearense está parada enquanto sua situação pessoal se complica com dívidas e até mandados de prisão.

Mas a obra de Belchior, que movimentou a música brasileira na década de 1970 ao lado de Fagner e o Pessoal do Ceará, continua sendo cultuada a partir de discos como Alucinação (1976), seu álbum mais importante.

Foi ouvindo este disco que o jornalista Jorge Wagner, curador de uma coletânea que recrutou nomes da música independente brasileira para reler canções do grupo de pagode Raça Negra em 2012, teve a ideia de organizar mais uma homenagem. "Comecei a pensar sobre a questão do Belchior, sobre as pessoas falarem apenas sobre as questões pessoais dele – onde está, com quem está, a quem deve", diz Wagner, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "E a música? Belchior tem coisas mais interessantes sobre o que falar", diz.

O álbum clássico foi regravado na íntegra por um novo time de artistas alternativos, e deve ser lançado nesta quarta-feira, 26, no site Scream & Yell (www.screamyell.com.br) com o título Ainda Somos os Mesmos.

Wagner procurou artistas que tivessem mais a ver com o universo de Belchior – mais ligado ao rock, ao folk e ao experimental.

Três nomes paranaenses estão entre os convidados. Dario Julio & Os Franciscanos, projeto de Dary Jr. com o produtor Ma­­­theus Duarte (guitarra), Felipe Giovanaz (baixo) e Filipe Bueno (bateria), ficou com "Apenas Um Rapaz Latino-Americano".

"Na canção ‘El Pueblo No Se Va’, do álbum A Marcha dos Invisíveis (2007), do Terminal Guadalupe, canto: ‘Eu sou apenas um rapaz sul-americano...’. É quase uma citação literal à letra de ‘Apenas um Rapaz Latino-Americano’", diz Dary, por e-mail, explicando que ouve a obra do cearense desde criança. "Alucinação é um álbum clássico. Regravá-lo é mexer em vespeiro, mas as novas gerações precisam conhecê-lo", escreve.

Hoje morando em São Paulo, a banda Nevilton, de Umuarama, regravou "Sujeito de Sorte" – faixa de pegada mais roqueira que bate com a música do grupo. "Ela tem muito a ver com algumas temáticas nossas. Falamos muito de perseverança. Tem algo da minha filosofia de vida", conta o vocalista e guitarrista Nevilton, por telefone.

Lemoskine, projeto de Rodrigo Lemos, que recentemente deixou A Banda Mais Bonita da Cidade, faz uma versão de "Não Leve Flores". Em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo, Lemos diz que não era íntimo do disco até ser chamado para o projeto, embora conhecesse suas canções. "Ouvindo, deu pra compreender que o disco permanece atemporal", diz o músico. "Hoje há uma obsessão com o ‘retrô’, o vintage, e uma volta à psicodelia da década de 1970. Tudo isso está estampado nesse disco, direto da fonte."

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