Com um filme repleto de grandes nomes e rodado na Louisiana pronto para estrear em circuito nacional nos EUA nesta sexta-feira, a indústria cinematográfica do Estado continua a florescer, apesar dos estragos causados pelos furacões Katrina e Rita, dizem produtores de cinema e autoridades estaduais.
"A grande ilusão", uma nova adaptação do romance "All the King's Men", de 1946, que valeu um Prêmio Pulitzer a seu autor Robert Penn Warren, terminou de ser rodado antes da passagem do furacão Katrina, em 29 de agosto de 2005, que matou 1.500 pessoas e deixou 80 por cento de Nova Orleans submersa durante semanas.
Estrelado por Sean Penn, Kate Winslet, Jude Law, James Gandolfini, Anthony Hopkins e Patricia Clarkson, esta natural de Nova Orleans, a estréia do filme em Nova Orleans, no sábado, atraiu centenas de pessoas a um auditório local, na esperança de terem um vislumbre dos atores e do glamour de Hollywood.
A sobrevivência do setor do cinema no Louisiana significa ainda mais para a economia do Estado, que no ano passado arrecadou estimados 550 milhões de dólares com a produção cinematográfica e televisiva.
- Esta estréia demonstrou o compromisso do setor cinematográfico com a Louisiana - disse à Reuters o governador do Estado, Mitch Landrieu.
- Ela mostra que a Louisiana é capaz de lidar com projetos em grande escala. Acho que transmitiu a Hollywood que a infra-estrutura está intacta e que nós estamos prontos para trabalhar.
Não é de hoje que Nova Orleans e o histórico Bairro Francês são usados como cenário de filmes de Hollywood. Mas nos últimos anos o Estado construiu uma indústria de cinema e vídeo capaz de lidar com a maioria dos aspectos das grandes produções de cinema e televisão.
Os negócios se intensificaram após 2002, quando foi aprovado um pacote de incentivos fiscais para empresas que rodam filmes no Louisiana e contratam mão-de-obra local.
"Ray", a cinebiografia do cantor Ray Charles estrelada por Jamie Foxx e lançada em 2004, foi o primeiro filme de grande orçamento a fazer uso desses incentivos, e a onda de atividade que se seguiu a ele valeu a Nova Orleans outro apelido além de seu já conhecido, Crescent City: "Hollywood do Sul".
Poucos danos
Alex Schott, diretor da Agência estadual de Desenvolvimento de Cinema e Televisão, disse que as companhias de som e iluminação de Nova Orleans em sua maioria escaparam ilesas das enchentes provocadas pelo Katrina.
Schott contou que duas grandes produções - "The reaping", com Hilary Swank e com lançamento previsto para 2007, e "The last time," com Michael Keaton e Brendan Fraser -- estavam sendo rodados em Nova Orleans quando o furacão chegou, mas seus responsáveis conseguiram transferir as produções para outras partes do Estado.
Apesar da escassez de mão-de-obra que afeta quase todas as empresas no sudeste do Louisiana, disse Schott, as perspectivas do setor são boas. Vários projetos novos estão previstos, incluindo uma adaptação de "The Curious Case of Benjamin Button", de F. Scott Fitzgerald, estrelada por Brad Pitt, que começará a ser rodada em Nova Orleans no outono.
O produtor de "A grande ilusão", Mike Medavoy, disse à Reuters que os incentivos fiscais não foram a razão principal para sua decisão de filmar no Louisiana.
- Há a infra-estrutura - e uma boa história - explicou.
"A grande ilusão" é um relato quase fiel da ascensão e queda de Huey P. Long, um ambicioso senador e governador do Louisiana que dominou o cenário político do Estado e que, conta-se, assustava o presidente Franklin Roosevelt devido à atração que exercia sobre as massas.



