Um dos destaques deste Festival de Teatro são espetáculos que inovam no formato, e é o caso de Numax Fagor Plus, que teve a primeira apresentação na quinta-feira (2) e será apresentado nesta sexta (3), com ingressos esgotados.
Numa tenda montada no “quintal” do Teatro do Paiol, duas fileiras de espectadores se olhavam. Em cada lateral, monitores de tevê. Uma atriz inicia a sessão, que “reencena” uma assembleia de trabalhadores de Barcelona ocorrida em 1978. O evento ficou célebre devido a um filme realizado durante o debate dos funcionários, que decidiram sobre o futuro da empresa que havia iniciado um processo de demissões em massa.
Em Curitiba, 2015, os monitores de tevê passam a exibir frases usadas durante aquela assembleia, com rubricas como “trabalhadora de cabelo curto diz:...”. Com esse estímulo, o público passou a encenar por si mesmo as falas, esquentando a diversão que rapidamente tomou conta do recinto.
Uma segunda sessão de trabalhadores, filmada em 2014, também foi reencenada, incluindo bate-boca e dança no final. Um pouco de absurdo (o nonsense da vida real?) ajudou a arrematar o espetáculo, que teve pouquíssima interferência do diretor espanhol Roger Bernat. Ele pareceu satisfeito ao final com seus “atores” improvisados.
A experiência não apenas diverte, mas transporta a plateia para uma realidade nem sempre conhecida, da luta sindical. As rubricas verdadeiras mostram preocupações individuais e coletivas e o problema do efeito manada, quando os ânimos se esquentam.
A sessão curitibana era formada majoritariamente por gente da classe teatral, que naturalmente assumiu os papeis propostos pelos monitores. No meio houve também participações de leigos, e essa diversidade trouxe um colorido para a noite fria na tenda.
