
Sabe quando o mundo parece querer despencar sobre a sua cabeça, mas alguém chega e muda tudo? É mais ou menos nessa situação que se encontram Elza e Oswald.
Ela, mineira de Cabuquira tão simpática quanto singela, só se deu mal depois que desembarcou no Rio de Janeiro acompanhada do marido violento. Ele, o mais inseguro dos homens desde que descobriu as numerosas traições da ex-mulher e perdeu a guarda dos filhos. O encontro redentor acontece mesmo debaixo de escombros, no edifício interditado que ameaça desabar a qualquer momento, e é praticamente o "terceiro personagem" do espetáculo Querido Mundo A Grande Virada, em cartaz no Teatro Fernanda Montenegro.
Esta é a primeira peça escrita a quatro mãos por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa. Ao que consta, combinando a comicidade do primeiro às intervenções reflexivas ou sensíveis da parceira. Teve uma montagem nos anos 90, com Joana Fomm e Otávio Augusto, poucos meses depois descartada por conta dos compromissos televisivos dos atores.
Foi em uma nova versão, dessa vez encabeçada por Maximiliana Reis e Jarbas Homem de Mello, que a peça "aconteceu": está há mais de quatro anos em cartaz, cumprindo sucessivas temporadas principalmente em São Paulo, onde mora o elenco, e no Rio de Janeiro.
"Elza é uma personagem sofrida, mas engraçada e carismática, e isso cativa o publico. Ela tem vários sonhos, mas não acredita que possa dar a volta por cima, diferente do Oswald, que também está no fundo do poço, mas tem certeza de que isso é questão de tempo", compara Maximiliana.
A atriz, nos anos 90, fez carreira internacional com o espetáculo Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de Andrade, premiado em festivais como o do Porto, em Portugal, e o de Edimburgo, na Escócia. Recentemente, esteve em Curitiba com Monólogos da Vagina, e dirige em São Paulo o musical Planeta Sbrufs. Enquanto isso, Mello veio à capital paranaense no elenco de Pernas pro Ar, de Cláudia Raia, e ainda comanda o musical Zorro, estrelado por Murilo Benício e a cantora Wanessa Camargo.
Cinematográfico
Além de inaugurar a dobradinha teatral entre Falabella e maria Carmem, que se repetiria dali em diante, Querido Mundo marcou também a estreia do crítico de cinema Rubens Edwald Filho como diretor de teatro, trazendo uma estética cinematográfica ao palco. Maximiliana diz que a habilidade do diretor está em tranformar o feio em bonito. "Nessa demolição, encontra poesia e plasticidade cênica."



