Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Lançamento

O caminho certo de Djavan

Novo disco de inéditas, Rua dos Amores, marca o retorno do artista alagoano à composição e reafirma a evolução de seu estilo

Djavan passou mais de quatro anos sem compor enquanto trabalhou sobre o repertório de outros autores em seu disco anterior | Tomás Rangel / Divulgação
Djavan passou mais de quatro anos sem compor enquanto trabalhou sobre o repertório de outros autores em seu disco anterior (Foto: Tomás Rangel / Divulgação)
CD:Rua dos Amores. Djavan. Luanda Records/Universal Music. R$ 34,90. MPB |

1 de 1

CD:Rua dos Amores. Djavan. Luanda Records/Universal Music. R$ 34,90. MPB

O disco Ária, de 2010, foi a realização de um anseio de Djavan, que queria um álbum todo dedicado a criações de diversos autores do cancioneiro brasileiro. Mas, entre todo o processo de sua produção e seus desdobramentos – turnê e gravação de DVD ao vivo –, foi também um sacrifício para o artista, que desde os 18 anos mantém uma relação visceral (e fecunda) com a composição. "Tive de fazer esse esforço para não compor, senão o Ária não sairia", lembrou Djavan, em uma coletiva transmitida pela internet no dia 5 de setembro.

Um dia depois, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo, o artista alagoano explicou que tanto tempo sem compor o afetou a ponto de achar que teria "uma dificuldade enorme" para voltar às criações. "Foi difícil pelo hábito, pela necessidade de me revelar", conta.

ÁUDIO: Ouça trechos da conversa da reportagem com o cantor Djavan

O efeito, na verdade, foi oposto quando o músico começou a conceber Rua dos Amores, seu primeiro trabalho de inéditas desde Matizes, de 2007.

Habituado a criar as músicas e então escrever as letras nos últimos anos, Djavan se viu com um grupo de cinco canções prontas em cerca de três meses – todas já rematadas com a poesia singular que caracteriza seu trabalho. "Achei que até fez bem esse tempo", diz. O restante das 13 faixas foi reservado para o período das gravações – ambiente inspirador para o compositor, ávido pelo frescor da criação no momento de seus registros.

Amores

A primeira canção a quebrar o jejum foi "Vive", composta para Maria Bethânia, que a incluiu em seu Oásis de Bethânia, lançado em março – portanto, a única não inédita de Rua dos Amores. Título que surgiu de um conceito percebido por Djavan nas composições que foi criando: o amor como elo de sentimentos em suas formas distintas. O que termina ("Já Não Somos Dois"), o platônico que se realiza ("Anjo de Vitrô"), o que não prospera ("Triste É o Cara").

"Até quis quebrar o elo e fiz uma sátira política", explica Djavan, sobre a faixa "Pode Esquecer", que diz: "Na nova ordem geral/ De um novo comando/ Abstinência moral/ É crime hediondo!".

"Achei que ela ficou muito bem no disco, porque é como se fosse um momento de puxar o ar para poder voltar o tema. Mas não foi proposital. Não sentei para fazer um disco temático. Queria fazer disco livre como sempre", diz.

Estética

A ausência de amarra conceitual na hora da criação corresponde à mesma liberdade artística reivindicada por Djavan para toda a sua obra. Em Rua dos Amores, o cantor e compositor é também o produtor e arranjador do disco, que conta com o retorno da banda que já não o acompanhava há 15 anos.

O resultado reflete uma "evolução sutil, mas constante" que o artista diz perseguir. "Claro que é um estilo nítido, inequívoco, porque tenho um estilo pessoal, desde sempre. Mas tem evolução, em todas as funções – harmonia, melodia, letra, arranjos", avalia Djavan, diante de um trabalho que traz, novamente, seu característico pop sofisticado, embalado pela música brasileira com influências do jazz, do blues, de tudo que o inspira.

Influência, aliás, que foi um dos resultados da imersão de Djavan na música brasileira, de Villa-Lobos aos compositores contemporâneos, para a escolha do repertório de Ária. "Isso me trouxe referências" diz Djavan. "E, principalmente, trouxe a certeza absoluta de que estou no caminho certo, ao menos para me satisfazer. Trabalhar com a diferença, com a diversidade, e, principalmente, insistir na busca pela novidade – é isso o que vai me manter. Se eu não tiver ao menos a ilusão de que estou sendo novo, de que estou trazendo frescor, eu paro."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.