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Cinema

O cara se "isqueira"

O Magnata, dirigido por Johnny Araújo, tem história escrita por Chorão, do Charlie Brown Jr.

 | Sossella
(Foto: Sossella)

O cinema brasileiro dialoga muito pouco com o jovem espectador. Das produções recentes voltadas a esse público, apenas o gaúcho Jorge Furtado se propôs a explorar o universo contemporâneo dos adolescentes, sem estereótipos ou lições de moral (como no excelente Houve Uma Vez Dois Verões, de 2002, que não teve a repercussão merecida entre o público – devido à fraca distribuição e divulgação). Fora isso, os outros títulos são muito datados – leia-se aqui 1972, de José Emílio Rondeau; Pode Crer, de Arthur Fontes; e Proibido Proibir, de Jorge Durán – e mais direcionados aos adultos.

Por se tratar de uma fatia de mercado praticamente inexplorada, O Magnata, dirigido por Johnny Araújo, estréia hoje em todo o país com a promessa de levar uma legião de garotos e garotas às salas de exibição. O grande chamariz da produção está na história do longa, que foi escrita pelo vocalista do Charlie Brown Jr., Chorão.

O músico contou com o reforço de um time de roteiristas – Bráulio Mantovani, Messina Neto, Carlos Cortez e Danilo Gullane – para levar à tela grande uma trama costurada com muito punk rock, hardcore, hip-hop, skate e termos típicos desse ambiente – como "isqueirar", que significa contar vantagem, achar-se o bom (veja texto ao lado) –, elementos constantemente presentes nas músicas da banda paulista.

Paulo Vilhena, 28 anos, dá vida ao personagem-título do longa-metragem, que também marca a sua estréia no cinema. A produção, bem cuidada e assinada pelos irmãos Gullane (Caio e Fabiano), de O Ano Em que Meus País Saíram de Férias, Castelo Rá-Tim-Bum e muitos outros títulos, também contribui para o bom desenvolvimento do filme.

Na fita, o Magnata é o líder de uma banda de rock, que vive às voltas com festas, muita bebida e mulheres. Isso sem falar no comportamento que beira a delinqüência e acaba por colocá-lo em situações pra lá de perigosas.

Vilhena, em entrevista ao Caderno G, conta que o processo de preparação para incorporar o personagem foi intenso. "Fiz um longo treinamento para trazer à tona toda essa loucura do Magnata, que na verdade é fruto da falta de carinho e limites", pondera o ator.

De fato, o jovem André (nome real do Magnata) tem um histórico familiar atribulado: apesar da boa condição financeira, a morte do pai e o desequilíbrio da mãe, Vilma (Maria Luísa Mendonça), vítima do alcoolismo, contribuíram para que o rapaz se tornasse uma espécie de "marginal" de classe média alta.

Direção

Um dos trunfos da produção é a direção de Araújo, estreante em longas, mas com um currículo invejável na produção de videoclipes. O ritmo ágil dado à narrativa faz toda a diferença para contar a reviravolta – em quatro dias – na vida do Magnata.

Arrogante, o roqueiro acostumado a realizar todos os seu caprichos viverá momentos complicados no decorrer da história. Ao conhecer a jovem Dri (Rosanne Mulholland), que acaba de retornar de Nova Iorque, o músico se apaixona pela primeira vez. Mas é tarde demais: erros cometidos em momentos de pura inconseqüência podem comprometer essa nova etapa.

Além de Vilhena e Rosanne, O Magnata reúne um time de convidados especiais: os atores Chico Diaz e Marcos Mion, feras do skate, como Sandro Dias e Bob Burnquist, e muitos amigos de Chorão. O vocalista e sua banda também marcam presença no longa, que traz ainda Marcelo Nova (vocalista do Camisa de Vênus, divertido como a consciência do Magnata), Dead Fish, Tolerância Zero, Yuppie, SP Funk, Markon Lobotomia, Tiririca e João Gordo. GG1/2

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