
Os instrumentistas paulistas Alessandro Penezzi e Alexandre Ribeiro já tinham passado pela Macedônia, Kosovo e Bélgica antes de apresentar o último show da turnê europeia do disco de choros autorais Cordas ao Vento em 2011, na Holanda. Afiado e com a nova em folha "Valsa para Quem Vai Chegar" no repertório, feita ao longo da viagem, o duo de violão e clarinete fez um show dos bons e, inesperadamente, recebeu uma gravação da performance ao fim da apresentação o que acabou sendo transformado no último CD da parceria, Ao Vivo na Bimhuis Amsterdam (2011).
E é o espírito de espontaneidade captado neste álbum que Penezzi e Ribeiro devem levar hoje, às 20h30, ao palco do Teatro do Paiol. Além de alguns clássicos do choro como "Santa Morena", de Jacob do Bandolim, e "À Galope", de Altamiro Carrilho, o show terá boa parte dedicada às composições do violonista de acordo com o próprio, "músicas com um pé muito fincado na seresta".
"Sou muito seresteiro. Algumas músicas são bem como canções, embora não tenham letra", conta Penezzi, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.
"Mas é muito focado no choro. Tocamos outras coisas, como baião, valsa, uma pitada jazzística e erudita, mas temos muito o lado chorão. A gente tenta aglutinar o máximo que dá de acordo com nossas vivências musicais e tenta reciclar isso tudo. Acaba saindo um resultado com a nossa cara", diz o músico, que afirma ter escrito a maioria das músicas entre 2005 e 2006 com uma formação de choro regional (violões, cavaquinho e pandeiro).
O trabalho foi elogiado por músicos do calibre do saxofonista americano Wayne Shorter, para quem o duo abriu um show na Macedônia. "O choro sempre chamou a atenção no exterior. É um gênero de música instrumental de grande exigência. Tem que ter plena fluência do instrumento", explica Penezzi, que cita a existência de clubes de choro em dezenas de países. "Ficamos felizes em saber que existe essa disseminação", diz.
Em Curitiba, o músico afirma também ter a sua "roda": os músicos João Egashira, Daniel Migliavacca e Sérgio Albach são imediatamente lembrados quando se fala no choro da cidade. "Sempre que chegamos aí, tentamos nos encontrar, tocar um pouco", conta. "O choro é agregador."



