Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
CÊNICAS

O circo virado do avesso

Conheça a rotina dos artistas e técnicos do Cirque du Soleil em temporada brasileira

Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Grevistas dos Correios fizeram passeata pelo centro de Curitiba (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

Dentro da Grande Tenda onde, desde a última sexta-feira (14), está sendo apresentado o espetáculo Alegría, os artistas do Cirque du Soleil exibem movimentos harmoniosos, de rara perfeição. Mal pode imaginar o espectador que há poucos passos do palco, já muitas horas antes do início da encenação, realiza-se um outro espetáculo, invísivel aos pagantes e interpretado por uma equipe quase fabril (e febril) de mais de cem pessoas.

A Tenda Artística, de onde saem os artistas para subir no palco, é o coração de uma verdadeira vila sobre rodas no espaço de 20 mil m2 ocupado no estacionamento do Centro de Convenções Expotrade, em Pinhais, município da região metropolitana. É lá que os técnicos e os 55 artistas que participam de Alegría se reúnem cinco horas antes de cada apresentação para dar início aos preparativos para o show.

À exceção de segunda-feira, único dia de folga do elenco. "Aí, ficamos livres para passear, fazer compras e jantar fora. Estou louca para ir a uma churrascaria. Qual é a melhor da cidade?", pergunta Pascale, uma das relações públicas do Cirque.

A compensação motiva e alivia a rotina de concentração diária. Mas, é preciso ter tudo na ponta da língua, ou melhor, dos pés, pois nem sempre é possível ensaiar. "Quando há somente uma apresentação, é possível treinar acrobacias e ensaiar, prioritariamente, a coreografia e os músicos. Quando há duas apresentações, fica bem mais difícil", conta Caroline Montreuil, também relações públicas. Nestes dias, os artistas só têm tempo para checar se os equipamentos que utilizarão em seus números estão em ordem.

O restante do período é utilizado para aquecer o corpo, se concentrar e preparar cabelo, maquiagem e figurinos. Às 800 toneladas de equipamento que chegaram há duas semanas de navio, via Porto de Paranaguá, para montar a estrutura do circo, somaram-se pequenos tablados com espelhos, onde os artistas fazem sua própria maquiagem.

Também foram instalados 3 guarda-roupas e uma lavaderia, com uma equipe responsável por secar e passar com rapidez as roupas das apresentações, e uma área para fisioterapia, com três profissionais à disposição do elenco.

Para alimentar a trupe formada por 170 pessoas – entre técnicos, artistas e familiares –, a cozinha serve 300 refeições diárias balanceadas, com cardápio que discrimina a presença de leite, carne, ovos e glúten. "Tiramos proveito da alimentação saudável, com proteína e vegetais, feita para os artistas", conta Caroline.

Caldeirão cultural

Mesmo com a vida nômade do circo, as crianças em idade escolar não escapam da escola. Três professores acompanham a turnê para ensinar, de acordo com o sistema de educação de Québec, 10 das 17 crianças que integram o circo – três delas artistas de Alegría. Além do francês e do inglês, falados no Canadá, elas também acabam absorvendo um pouco das línguas dos países por onde passam. "Há, inclusive, um pequeno russo de cerca de oito anos que já está aprendendo algumas palavras em português para receber a audiência", conta Caroline.

Idiomas variados, aliás, são rotina nos bastidores. Afinal, desde sua origem, em 1984, o circo tem formação multiétnica – hoje, os 900 artistas e 3,5 mil funcionários somam mais de 40 nacionalidades. Só nesta turnê brasileira, iniciada em Curitiba, há profissionais oriundos de 20 países – no elenco, há 13 nacionalidades, e as idades variam entre 11 a 64 anos.

São artistas recrutados em audições feitas em seus países pelo fundador da companhia, Guy Laliberté. É o caso de Oyun-Erdene, de 14 anos, uma das escolhidas em uma seleção final de nove artistas, na Mongólia, onde é contorcionista desde os cinco anos.

* * * * *

Serviço: Alegría. Estacionamento do Centro de Convenções Expotrade (Rod. Dep. João Leopoldo Jacomel, n.º 10.454, portão 1 – Pinhais). Ingressos à venda pela central Ticketmaster (telefone 4004-1007 ou e-mail www.ticketmaster.com.br), nas livrarias Curitiba e FNAC e na bilheteria oficial instalada no Shopping Park Barigüi. Até 7 de outubro.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.