
A Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) já tem um novo maestro, o português Osvaldo Ferreira, que desde 2008 dirige a Oficina de Música de Curitiba. Essa nomeação foi o primeiro ato de Monica Rischbieter à frente do Centro Cultural Teatro Guaíra (CCTG). Ela assumiu o cargo sabendo da imensa expectativa da comunidade e da classe artística quanto a sua gestão. Há pouco mais de um mês no posto, Monica conta já ter percorrido, acompanhada de técnicos, por três vezes os incontáveis corredores do prédio, e tem uma lista de problemas que terá de resolver. Ela diz que há 500 portas no Teatro Guaíra. Não é exagero dizer que uns 500 desafios a esperam em um breve espaço de tempo.Restaurar o prédio é uma das metas, a começar pelas poltronas do Guairão e do Guairinha, além da troca do carpete e da reforma dos camarins. Mas, para que essas ações aconteçam, será necessário encontrar parceiros, possivelmente da iniciativa privada. A diretora-presidente anuncia que, para 2011, não há verbas o que ela encontrou no caixa garante o pagamento dos salários dos 300 funcionários e da manutenção do prédio funcionando como está. "Pelo fato de o Teatro Guaíra ser um espaço importante, não será difícil encontrar parceiros para um restauro. Só não sei como isso será feito", diz.
A sessão de fotos de Mônica para esta reportagem, incluindo as que estão publicadas nesta página, foram feitas em alguns locais dentro do prédio, e e ela sugeriu que a entrevista fosse realizada na escadaria, entre o primeiro o segundo balcão do teatro. Não seria possível conversar na plateia, uma vez que o palco estava ocupado por dezenas de universitários que ensaiavam para uma cerimônia de formatura. Esses eventos, que acontecem em janeiro e fevereiro, são uma fonte de renda para a instituição o aluguel do auditório custa, em média, R$ 20 mil. Além disso, a locação do espaço para shows é outra fonte de recursos, que será fundamental neste ano de vacas magras.
Gerar conteúdos
Os dois corpos estáveis do CCTG, a Orquestra Sinfônica e o Balé Guaíra, vão exigir empenho da diretora-presidente. Em reportagem publicada pela Gazeta do Povo no dia 8 de janeiro, no Caderno G Ideias, integrantes da OSP diziam que não há espaço para guardar instrumentos no prédio e o local para ensaiar é uma incógnita os ensaios são realizados no palco do Guairão, que fica ocupado por outros profissionais quando o auditório é alugado, por exemplo, para um grande show. Monica leu as reportagens, tem noção dos problemas e avisa que, ainda em 2011, deve ser criada uma nova sede para a OSP, no centro de Curitiba, o que poderá resolver alguns dos impasses da orquestra.
Ainda no primeiro semestre, a OSP deve entrar em cena, já sob a regência de Osvaldo Ferreira, para apresentar, a cada mês, duas novas peças sinfônicas. Gerar conteúdo é uma saída para sacudir o CCTG, e isso também diz respeito ao Balé, agora sob a direção de Andrea Sério Bertoldi.
Mas essa necessidade de produzir espetáculos inéditos não deve se restringir aos corpos estáveis. Monica tem recebido a visita de atores, diretores, cenógrafos e outras pessoas ligadas às artes cênicas. Entre um cafezinho e outro sorriso, todos fazem quase o mesmo pedido: que o CCTG retome uma prática, de um passado distante, de bancar montagens. Monica afirma que, a partir de recursos da Lei Rouanet, será possível que o Teatro Guaíra venha a produzir espetáculos. "Para que esse espaço (CCTG) volte a pulsar", diz.
O retorno da cantina, espaço que por anos aproximou a classe artística reivindação do ator e diretor Maurício Vogue não será possível, mas Monica dá como certa a licitação de um espaço, dentro do Guaíra, para que seja instalado um café. O miniauditório, por sua vez, será destinado a bate-papos com a finalidade de estimular o diálogo, o debate o pensamento crítico.
Monica já dirigiu a instituição, entre 1997 e 2000, e desde então deixou de conferir apresentações no Teatro Guaíra. "É porque eu tive e tenho muito amor pelo espaço. Sentia-me mal nos últimos tempos, quando houve desamor em relação ao Guaíra", afirma Monica, consciente de que a sua missão não será nada fácil. "Eu gosto de desafios. Sei o que me espera", finaliza.
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