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Construções urbanas formam letras revelando o céu vazio como figura dominante
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Efeitos acidentais produzidos pela reutilização de velhas folhas de impressão
É natural que hoje os estudantes já cheguem à faculdade de Design sem nenhuma dificuldade em manusear programas de edição cada vez mais avançados. "Habituados aos iPods, PlayStations e PowerBooks, eles já possuem o conhecimento técnico que levávamos anos para conseguir", escreve a norte-americana Jennifer Cole Phillips no texto "Para Além dos Fundamentos", que integra o livro Novos Fundamentos do Design, feito em parceria com Ellen Lupton, referência nacional na área.
Em outubro, Ellen esteve no Brasil para lançar o livro pela Cosac Naify, juntamente com outra publicação, Eu Que Fiz, dedicada às crianças, que traz 102 atividades ilustradas e explicadas passo-a-passo. Elaborado com sua irmã Julia Reinhard Lupton, professora de literatura comparada da California University, o título infantil incentiva a criação de objetos a partir do be-a-bá do design. Por exemplo, a confecção artística de adesivos, bichos de pelúcia e cartões, utilizando materiais corriqueiros como uma caixa de cereais.
No livro dedicado aos adultos professores, alunos e profissionais , Ellen e Jennifer retomam o legado da Bauhaus, escola de artes alemã que, nos anos 1920, juntamente com outras instituições, analisava a forma a partir dos elementos geométricos básicos: a linha, o ponto, o plano, o ritmo, o equilíbrio, a escala, o enquadramento, entre outros.
Diante das transformações trazidas pelas novas tecnologias, as autoras abordam novos conceitos em design elementar. Dedicam capítulos à transparência, às camadas, ao tempo e o movimento, às regras e à aleatoriedade que, frisam, sempre foram utilizados pelas artes gráficas, mas surgem renovados por uma inacessibilidade irrestrita, graças aos softwares modernos.
O livro propõe a exploração dos principais fundamentos da linguagem visual, por meio de textos curtos e exemplos-chave da prática profissional contemporânea, desenvolvidos em uma espécie de laboratório pelos estudantes do Maryland Institute College of Arte (MICA) do qual Ellen é diretora do programa de pós-graduação em Design.
Jennifer explica,que estar plugado às novas mídias nem sempre é benéfico ao pensamento criativo. "Muitas vezes, a tentação de recorrer ao computador impede níveis mais profundos de pesquisa e pensamento esta zona de destilação que ultrapassa o apetite mediano para testar novos terrenos e explorar alternativas".
Ela conta que, em 1920, figuras como Joseph Albers e Moholy-Nagy enfatizavam o pensamento sistemático em lugar da intuição pessoal, a objetividade em detrimento da emoção. Mas mantinham idéias profundamente humanistas. "O design, argumentavam, nunca pode ser reduzido a uma função, nem a uma descrição técnica."
Atentas a isso, as autoras encorajam os leitores a brincar com a linguagem visual como se estivessem fazendo experimentos. Não estão interessadas em mostrar "como fazer design gráfico", mas "de que elementos ele é feito". Cada capítulo, construído com textos diretos e atraentes, vem antecedido de uma epígrafe que induz à reflexão sobre o tema que será explorado. Um exemplo é a frase de Pablo Picasso na parte referente às "Camadas": "Sob as cidades, você sempre encontra outras cidades; sob as igrejas, outras igrejas; e sob as casas, outras casas".
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Serviço:
Novos Fundamentos do Design, de Ellen Lupton e Jennifer Cole Phillips. Tradução de Cristian Borges. Cosac Naify, 248 págs., R$69. Eu Que Fiz, de Ellen e Julia Lupton. Cosac Naify, 152 págs., R$55.
