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Internacional

O ego e a pretensão de Timbaland

Na música brasileira, não há uma tradição de se destacar de uma forma especial o trabalho do produtor quando um disco é lançado – geralmente, é o nome do artista em questão que se sobressai, mesmo o produtor tendo sido o principal responsável pela boa qualidade do trabalho apresentado. Já nos EUA, que detém o maior mercado fonográfico do mundo, as figuras que comandam o processo criativo de álbum são muito valorizadas e respeitadas, virando verdadeiras grifes e sendo disputadas por todos os grandes nomes da música.

O rapper Timothy Mosley, mais conhecido por Timbaland, é o nome da vez na música americana. É dele o toque de Midas que tem transformado em sucesso tudo o que toca. Os elogiados discos da rapper Missy Elliot, do ex-*NSync Justin Timberlake e da cantora luso-canadense Nelly Furtado têm a assinatura de Timbaland, assim como o novo disco da islandesa Björk (para quem produziu algumas faixas) e o próximo da sempre antenada estrela Madonna.

Devido a todo o sucesso que ajudou criar, a estréia de Timbaland em disco-solo (anteriormente, ele gravou alguns discos com o também rapper Magoo) acabou gerando muitas expectativas – o produtor lançou este ano Timbaland Presents: Shock Value (Universal, R$ 23,50 em média), CD que chega este mês ao Brasil.

Espertamente, Mosley chamou para a empreitada aqueles que levou à consagração na música mundial – os já citados Missy Elliot, Timberlake e Furtado – e também nomes de peso como Elton John e os rappers Dr. Dre e 50 Cent. Marcam presença no registro, ainda, as jovens bandas Fall Out Boy (o grande nome da cena emo), The Hives (que anda sumida) e She Wants Revenge, além do parceiro Magoo.

Mas um time de estrelas nem sempre rende o grande resultado esperado, como bem (mal) comprovou a seleção brasileira na Copa do Mundo do ano passado. No extenso Shock Value (com 18 faixas), Timbaland exercita a pretensão e a egolatria de quem está no topo do mundo e anda se comparado ao maestro Quincy Jones (o produtor dos clássicos Off the Wall e Thriller, de Michael Jackson).

As batidas dançantes dos discos que produziu nos CDs de Nelly e Justin, ótimas para as pistas de dança, não têm a mesma força em Shock Value – "Give It to Me", primeiro single do CD, com a participação da dupla, não chega nem perto dos trabalhos-solos de ambos. O rapper também não segura a onda como vocalista principal, estragando algumas músicas como "Throw It on Me" (que conta apenas com alguns "gritinhos" de Howllin' Pelle Almqvist, vocalista do The Hives). Para completar, a esperada participação de Elton John se limita a algumas dedilhadas no piano em "2 Man Show".

Os bons momentos do CD são com parceiros não tão conhecidos: "The Way I Are" (com Keri Wilson e D.O.E), "Fantasy" (com Money) e "Time" (com She Wants Revenge). Das estrelas, a única faixa de destaque é o rock ganchudo "One & Only", com o Fall Out Boy. O produtor ainda é melhor e mais importante que o rapper. GG1/2

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