
"Uma mistura de realismo documental ao estilo Gomorra com o épico visto em Sangue Negro". É esta a atmosfera que Fábio Barreto (O Quatrilho) deseja imprimir em seu novo filme, Lula O Filho do Brasil, o mais caro do cineasta (R$ 12 milhões), previsto para estrear nos cinemas no dia 1º de janeiro de 2010.
O filme narra momentos da trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorridos entre duas datas: 27 de outubro de 1945, o dia de seu nascimento, no interior de Pernambuco, e 12 de maio de 1980, data do velório de sua mãe, dona Lindu, quando ele tinha 35 anos. "Lula estava preso pela ditadura militar, e o Romeu Tuma, que era o chefe do DOPS na época, o liberou para ir ao enterro", conta Barreto, em entrevista concedida em Recife, durante o 13º Cine PE Festival do Audiovisual, na semana passada.
O filme, anterior à fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), nem menciona a presidência da República, à qual chegaria Lula. "O filme usa uma família, que é a dele, para mostrar a vida de milhões de famílias brasileiras que passaram pela mesma situação, que fizeram parte talvez do maior movimento de migração interna da humanidade. Foram 40 milhões de nordestinos que migraram para o Sul. Com as mesmas dificuldades, saindo de um lugar completamente abandonado, na miséria, em busca de uma vida melhor", conta.
A pedido do pai, Luiz Carlos Barreto, que produz o filme, Fábio procurou contar a história de Lula por um viés já muito utilizado no cinema: a relação entre mãe e filho. Lula é vivido pelo ator mineiro Rui Ricardo (na fase adulta) e dona Lindu por Glória Pires. O elenco ainda traz Cleo Pires (Lurdes, primeira mulher de Lula), Juliana Baroni (Marisa Letícia) e Milhem Cortaz (Aristides, o pai).
Ele explica que o filme atualmente no segundo corte de montagem, com duração de duas horas e 15 minutos será despido de ideologias. "Não posso filmar querendo vender o meu peixe.", diz. O governo, segundo ele, não interferiu em nenhum momento. "Mostramos algumas cenas para a Dilma (Roussef), que se emocionou, mas o Lula nem quis ver", conta.
Se o governo não pressiona, a oposição já começa a taxar o filme de "chapa branca". Barreto argumenta que, pelo contrário, "nós é que estamos tirando uma casquinha da popularidade do Lula. Antes mesmo de ser chamado de o cara (pelo presidente norte-americano Barack Obama), ele já estava bem lá fora, tinha três páginas de New York Times, era uma personalidade mundial. Então, na realidade, nós vamos lucrar."
O diretor afirma que a biografia não terá muita relação com seus outros filmes. "A única relação é que este é um épico histórico com uma pegada poética como foram Paixão Jacobina e O Quatrilho".




