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Literatura

O formato brasileiro

Record cria coleção de livros de bolso que reedita alguns de seus maiores best sellers

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Com 24 lançamentos simultâneos, a Record entra no mercado de livros de bolso e assume o compromisso de lançar cinco novos títulos por mês a partir de outubro, usando como fonte o catálogo de todas as editoras que fazem parte do grupo – além da própria Record, Bertrand Brasil, José Olympio, Best Seller, Civilização Brasileira, Nova Era, Difel e Rosa dos Ventos.

A investida torna a disputa pela atenção do público ainda mais interessante. No mercado nacional, os acervos da L&PM, da Companhia de Bolso e da Martin Claret, somados, oferecem mais de mil títulos.

A editora Silvia Leitão, da BestBolso, defende que cada coleção tem características distintas, citando que a Martin Claret (mais de 300 livros lançados), por exemplo, trabalha exclusivamente com obras em domínio público – livres de direitos autorais –, que respondem também por parte do catálogo da L&PM Pocket (hoje com 635 opções).

A principal concorrente que a BestBolso terá de enfrentar talvez seja a Companhia de Bolso (57 títulos). Ambas têm como proposta o lançamento no formato de bolso de livros que se tornaram best sellers da casa (confira quadro com todos os lançamentos deste ano). Vem daí a opção pela Record destacar Umberto Eco (Baudolino), Anne Frank (e o seu diário), Robin Cook (Coma) e Herman Hesse (O Jogo das Contas de Vidro).

Para comparar, as últimas novidades da Companhia de Bolso foram os romances A Caixa Preta, de Amós Oz, e A Viagem de Théo, de Catherine Clément. A L&PM recém-lançou Geração Beat, de Jack Kerouac, e Guerra e Paz, de Tolstói, em quatro volumes, com a opção de uma caixa que reúne todos eles.

A Record avaliava a possibilidade de entrar no mercado de livros de bolso há cinco anos. Nesse período, chegou a experimentar o formato em parceria com a Harlequin Books, do Canadá, lançando alguns romances populares – na linha dos escritos por Nora Roberts – somente em bancas de revistas.

Embora prefira não revelar o valor do investimento, Silvia conta que a Record espera um crescimento de 5% no faturamento de 2007, motivado pela BestBolso e pela Galera Record (leia mais sobre o selo de "jovens adultos" nesta página). Cada um dos títulos da BestBolso tem tiragem inicial de 6 mil exemplares e os preços variam de R$ 14,90 a R$ 19,90. O tamanho é 12 cm X 18 cm.

Híbrido

Existe uma peculiaridade do brasileiro em relação ao mercado de livros de bolso. Na França e nos EUA, o formato quase sempre sai em papel jornal, que caracteriza livros de consumo imediato. Eles são, de certa forma, "descartáveis" e se deterioram rápido.

No Brasil, o papel jornal não pegou. "Inicialmente, havia uma resistência do brasileiro. Agora, há uma demanda crescente graças à qualidade do texto e do formato. Não trabalhamos com papel jornal como a Penguin (de língua inglesa) e a Gallimard (francesa)", explica Silvia.

O formato de bolso à brasileira se utilizou de algumas características das brochuras e se tornou uma espécie de híbrido, carregando o "bolso" apenas no nome por serem coleções elaboradas e edições caprichadas.

A BestBolso usa papel off-set no miolo (sem transparência) e a capa é em papel couché. O acabamento é feito com cola PUR, à base de poliuretano, pouco usada no Brasil, o que torna os livros flexíveis, favorece o manuseio e, conseqüentemente, a leitura.

Nos EUA, um livro é editado primeiro em capa dura, considerada uma edição de luxo que custa, em média, US$ 25 (cerca de R$ 50). Meses depois, se o desempenho inicial for bom, ganha uma versão em brochura, de mais ou menos US$ 15 (R$ 30). Os best sellers enfrentam uma terceira etapa e viram livros de bolso a US$ 10 (R$ 20) ou menos.

"O poder aquisitivo da classe média brasileira vem caindo. Isso é fato", diz Silvia. Daí o formato de bolso "de qualidade" virar uma boa opção para quem gosta de livros.

Os títulos da BestBolso serão divididos em ensaio, suspense, novela, romances clássicos e contemporâneos. Cada gênero corresponde a uma cor específica da contracapa, assim o suspense é vermelho e a literatura contemporânea, verde.

Outro detalhe que pode parecer insignificante, mas faz uma diferença brutal na hora de ler, é o tamanho da fonte e o espaçamento entre as linhas. Nos dois casos, de acordo com Silvia, a idéia é que as letras sejam confortáveis a ponto de as diferenças entre a edição tradicional e a de bolso serem quase imperceptíveis.

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