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Música

O grande negócio do rock-and-roll

Nada de novo no fronte, mas quem se preocupa com isso? Com um disco de inéditas na praça, e o mesmo som de sempre, os Rolling Stones voltam aos holofotes prontos para recolher mais alguns milhões de dólares de seus fãs devotados. Aos 40 anos de carreira, a banda britânica se comporta como uma grande companhia do ramo do entretenimento – com direito a executivos apitando em tudo, planejamento estratégico, marketing agressivo, etc. E não importa se a dupla Mick Jagger e Keith Richards está brigada ou não: o show deve continuar, pelo bem da empresa.

Iniciada no fim de agosto, nos EUA, a turnê atual do grupo já contabiliza centenas de milhares de ingressos vendidos. Até meados de 2006, os Stones passarão pelo Canadá, América Latina (o show brasileiro acontece em fevereiro, na praia de Copacabana), Ásia e Europa. Nada mal para um quarteto que chegou à terceira idade após décadas de excessos. Jagger e Richards têm, respectivamente, 62 e 61 anos. Charlie Watts, o baterista, chegou aos 64 recém-recuperado de um câncer na garganta. E o guitarrista Ron Wood, o "bebê" da banda, com 58, acaba de sair de uma clínica de reabilitação para dependentes químicos.

Bigger Bang, o novo CD (e primeiro de estúdio em oito anos), chegou às lojas envolto em polêmica. Tudo porque a faixa "Sweet Neo-Con" ("Doce Neoconservador") contém críticas diretas à política internacional do presidente norte-americano George W. Bush. "Você se diz cristão, eu acho que é hipócrita/ Você se diz patriota, eu acho que é um monte de m*", diz um trecho da letra, que ainda traz referências às empresas contratadas a peso de ouro para "reconstruir" o Iraque.

Jagger também andou alfinetando publicamente Tony Blair. O cantor afirmou estar "indignado" com o primeiro-ministro britânico e seu apoio à intervenção internacional em solo iraquiano. Richards, por sua vez, disse que esse tipo de declaração poderia colocar o disco em segundo plano. Pura cena. Ele, mais do que ninguém, sabe como uma controvérsia desse tipo pode catapultar as vendas de um álbum ou de uma turnê.

Sobre Bigger Bang em si, chama a atenção a espontaneidade do registro. Produzido com um certo intimismo, o CD ressalta a performance dos quatro músicos principais, em detrimento da participação de instrumentistas de apoio. É como se os Stones fossem apenas mais uma banda nova, e não a lenda-vida do rock-and-roll que precisa ser "empacotada" de forma grandiosa em estúdio. No mais, as faixas passeiam por todos os estilos explorados pelo grupo ao longo de sua trajetória – rock, blues, balada, funk, pop.

A verdade é que o quarteto se empolgou outra vez com a música. Jagger e Richards voltaram às boas e a doença de Watts parece ter unido os integrantes novamente. Se a boa fase das relações internas vai durar até o fim da turnê, ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: no início do ano que vem; antes, durante e depois da vinda do grupo ao Brasil; você ficará cansado de tanto ouvir falar dos Rolling Stones. GGG

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