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O Homem-Aranha entre os vampiros

Identidade secreta: Jota Eme, o Homem-Aranha da Rua XV | Divulgação
Identidade secreta: Jota Eme, o Homem-Aranha da Rua XV (Foto: Divulgação)
O diretor (à frente) com o elenco de Para os Incocentes.... |

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O diretor (à frente) com o elenco de Para os Incocentes....

Tarefa digna de um super-herói. Três peças em sequên­cia na mesma noite. Em três noites seguidas, em dois fins de semana consecutivos. Entre elenco e produção, mais de 50 pessoas na equipe. São alguns números da maratona teatral que o diretor, ator e artista de rua Jota Eme está apresentando no Fringe, a mostra paralela do Festival de Curitiba, desde a última sexta-feira.

"Era para ser cinco, desisti de duas, senão ia ficar louco", explica. Jota Eme tem um jeito agitado e particular de produção. "Ficar parado embolora nossa arte. Eu gosto de botar fogo em tudo", diz.

Cada um dos espetáculos são bem diferentes entre si. O primeiro, Só Voa Quem de Céu É Feito, é um monologo com texto do poeta Júlio Almada e estrelado pelo diretor.

Depois, é a vez de Para os Inocentes Que Ficaram em Casa, uma reunião de textos poéticos do dramaturgo Mário Bortolotto, escritos nos anos 1980 e que estão sendo adaptados pela primeira vez para o teatro.

A peça tem música ao vivo no palco, a cargo do trio formado por Marcelo Oliveira (clarinete), Fredy Branco (vocal) e o percussionista Marcelo Chychy (percussão), além de efeitos multimídia. Conta ainda com um numeroso elenco de mais de 20 atores, entre profissionais e estreantes.

"Sempre dei espaço para pessoas que nunca tinham feito teatro, mas levam jeito para a coisa. Essas pessoas se descobriram e não param mais. Foi o que aconteceu comigo", lembra o artista, que chegou em Curitiba em 1979, aos 14 anos, vindo do norte do estado para fazer teatro. "A moeda corrente das produções Jota Eme é a amizade recíproca com as pessoas."

A peça que encerra o programa triplo é Curityba Segundo Seus Vampiros – 320 Anos Depois, escrita pelo próprio autor como uma homenagem à cidade que o adotou. "O texto fala bem e mal de Curitiba e também de teatros, cinemas, lugares e artistas que já não existem mais", conta.

A ideia, segundo Jota Eme, é repetir a peça todo ano com o mesmo título, mas com uma homenagem (neste ano é para Dalton Trevisan), texto e ideias diferentes. As três peças têm codireção de Guilherme Durães e cenografia e preparação de elenco de Ronald Pinheiro.

Homem-Aranha

Em 27 anos de carreira, Jota Eme já participou de 50 peças e 35 filmes. Foi sócio do Teatro Lala Schneider e fez parte da histórica montagem de O Vampiro e a Polaquinha, na década de 90. "Fui do contrarregra até chegar a fazer o Nelsinho", lembra.

Há uns quatro anos, ele iniciou um trabalho como artista de rua. "Eu estava numa pior de grana. A única coisa que eu tinha era uma roupa do Homem-Aranha no armário, que sobrou do figurino de uma peça infantil", lembra.

"Decidi vestir a roupa e fazer uma estátua viva na Rua XV. Subi em cima de uma caixa de som e fiquei fazendo os gestos do Homem-Aranha. No primeiro dia, em uma hora e meia, ganhei R$ 36 e pensei: é por aí o negócio."

Jota Eme diz ter "o maior prazer e orgulho de estar sobrevivendo com este trabalho". Ele conta que chegou a ficar sete horas e meia trajado na Rua XV, seu "expediente recorde". "É algo como fazer ioga, uma coisa meio de faquir. Você não pode pensar em tomar água, ir ao banheiro e nem se preocupar com chuva ou calor", revela.

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