
Andreas Kisser está sempre em movimento. Ele conversou com a reportagem da Gazeta do Povo diretamente de Manaus, à espera do show do grupo alemão Scorpions. Voltou de Cuba há dois meses, onde esteve com o Sepultura. E o padrinho da Garagem de Talentos estará em Curitiba novamente em dezembro, para a terceira edição do evento promovido pela Fnac em parceria com a Gazetinha. Suas andanças também são musicais. Guitarrista da banda brasileira mais famosa fora do Brasil (Sepultura), o músico acaba de finalizar Hubris I & II, seu primeiro álbum-solo. Tudo isso entre um cover de Kiss aqui e outro de Deep Purple acolá com a Brasil Rock Stars, sua outra banda.
"Sempre gostei desse estilo. Vi o show do Kiss no Morumbi (São Paulo) e no Rock in Rio, em 1983. Cresci ouvindo isso e comecei na guitarra tocando esse tipo de rock", disse o paulista. Dois anos depois, sua futura banda lançava Bestial Devastation / Século XX, primeiro disco do Sepultura, no período em que o metal ainda engatinhava por aqui. Mais dois anos e o encontro definitivo. "Em 1987 estava tocando em São Paulo com minha banda de covers. Conheci o Sepultura e fiquei sabendo que o guitarrista (Jairo Guedez) havia saído. Aí eu entrei", comentou Kisser, que gravou o primeiro álbum com os mineiros (Schizoprhenia) ainda em 1987.
Onze anos e oito discos depois, o sucesso da formação é creditado à liberdade de criação. "Sempre fizemos o som que queríamos. Não temos rádio nem gravadora nos pressionando. O segredo é assumir o que queremos fazer", disse o guitarrista de 40 anos. Em 2008, o Sepultura já se apresentou nos Emirados Árabes, na Turquia, Índia e fez um show para mais de 60 mil pessoas em Havana, Cuba, em julho. Foi o primeiro show de hard-rock/metal na história do país de Fidel.
E a banda, assim como Andreas, não pára. Depois de Dante XXI álbum lançado em 2006 que toma como referência A Divina Comédia, de Dante Alighieri será lançado no começo do ano que vem A-lex, 11º álbum do grupo. O título significa "sem lei", em latim, e foi influenciado por Laranja Mecânica, livro de Anthony Burgess adaptado para o cinema por Stanley Kubrick. "O livro é espetacular. Nós pesquisamos muito sobre o autor o cara é um maluco! e a obra dele influenciou muito o novo trabalho", contou Kisser. No disco, há até uma versão para a 9ª Sinfonia de Beethoven, música que ilustra uma das cenas mais marcantes do filme de Kubrick. Também vale registro o nome do maestro, amigo de Andreas, que fez os arranjos da música: Alexei, quase homônimo de Alex, protagonista da trama, ou de A-lex.
Como atividade paralela, Andreas Kisser lança também em 2009 Hubris I & II (Mascot Records), seu primeiro trabalho-solo. Em álbum duplo, muito intimismo e liberdade. "Há temas que gravei em casa há mais de dez anos", disse. Hubris, em russo, significa arrogância ou soberba. "Mais ou menos o que move as coisas boas ou ruins da humanidade", na interpretação do guitarrista. Em ambos os discos o primeiro é elétrico, com guitarras em destaque e o segundo é "mais instrumental e acústico" há participações de Zé Ramalho, Rappin Hood e outros músicos convidados. As faixas, segundo Kisser, foram inspiradas na mulher e em seus dois filhos. "Cada música tem uma história pessoal e algo diferente a contar", resumiu.
O viajado guitarrista tem uma relação íntima com o Paraná. Já realizou vários "workshows" em Curitiba eventos em que demonstra exercícios e técnicas para guitarra além de apadrinhar o projeto Garagem de Talentos.
Andreas estará de volta ao Paraná no próximo dia 12, quando acompanha os alemães do Scorpions no show em Ponta Grossa.



