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A imobilidade da sociedade brasileira, diante de fatos que lhe desagradam, é o tema central do monólogo "O Incrível Menino na Fotografia", uma das boas estréias do 16º Festival de Teatro de Curitiba (FTC). O monólogo, escrito pelo diretor e roteirista Fernando Bonassi, parte da tradicional fotografia escolar, para abordar a inércia social e apontar como estamos, hoje em dia, presos na fotografia. O texto provoca no público, no mínimo, um questionamento sobre a nossa imobilidade diante dos fatos. Serve de alerta para percebermos que as coisas acontecem à nossa volta, enquanto ficamos "presos na fotografia", como repete o ator em cena.O ator Eucir de Souza, que dá vida ao personagem, fala do prazer de estar no álbum de fotos, lembra como foi aquele dia em que o fotógrafo apareceu na escola para fazer o retrato de todos os alunos, e segue contando como foi se acomodar para foto, esperar na fila, relacionando as situações à acomodação social comum à grande maioria dos brasileiros.

Com pouca ação, o ator prende a atenção graças à boa interpretação do texto e trabalho corporal expressivo, orientado por Vivien Buckup, e bastante elogiado por Bonassi. A imobilidade do ator em cena dá mais vida ao texto que entra nos ouvidos como pequenas gotas de alerta. A solução cênica apresentada, com o ator imóvel e suspenso em uma carteira, foi também bastante feliz, não deixando dúvidas sobre o objetivo da peça. Para que a mensagem não seja esquecida, o programa trás o texto da peça para ser lido com mais tempo. Infelizmente, quem não viu, vai ter que correr para São Paulo. A montagem encerrou sua pequena temporada na noite de quarta-feira (28) e deve estrear na capital paulista em maio.

Confira a programação do FTC no Guias e Roteiros

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