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O mal-estar de Guilherme Arantes

Cantor e compositor resgata sonoridade dos anos 1970 e 80 e busca a inquietação dos seus 20 anos no recém-lançado Condição Humana

O lançamento é o primeiro disco de inéditas do cantor em sete anos: esforço para retomar o olhar da juventude, sem perder a profundidade | Pedro Matallo/Divulgação
O lançamento é o primeiro disco de inéditas do cantor em sete anos: esforço para retomar o olhar da juventude, sem perder a profundidade (Foto: Pedro Matallo/Divulgação)
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Guilherme Arantes está em uma onda de rever a vida. Lembra que, no auge, quando pipocava nas FMs dos anos 1980, chegou a se transformar "num chato". E, ao lançar Condição Humana – seu primeiro disco de inéditas em sete anos –, comemora sua sobrevivência ao "pop star system" que o permitiu emplacar hits como "Meu Mundo e Nada Mais", "Amanhã", "Deixa Chover", "Planeta Água", "Pedacinhos" e "Cheia de Charme".

"Esse disco, de certa forma, me traz de volta o olhar que cultivei na mocidade, aos 20 anos. Não de querer mudar o mundo, mas de olhá-lo por um prisma menos óbvio, que, com o passar do tempo e com o sucesso, fui perdendo", diz o cantor, por telefone, se referindo ao componente contestador de canções como a faixa-título, "Moldura do Quadro Roubado" e "Olhar Estrangeiro", que criticam o modo de vida e a política contemporâneas.

Em uma espécie de retiro do mercado, o cantor diz ter dedicado tempo para amadurecer as canções e compor com mais calma, o que teria gerado um repertório mais "substancioso" que fez questão de tratar da forma mais analógica possível. A ideia é remeter à sonoridade da virada dos anos 1970 para os 80, que o cantor considera sua essência. "É um disco de banda", explica o músico, que gravou com Luiz Sergio Carlini (guitarras e violões), Willy Verdaguer (baixo), Alexandre Blanc (guitarras e violões) e Gabriel "Frejat" Martini (baterias e percussões) em seu próprio estúdio, o Coaxo do Sapo.

A iniciativa, instalada em Barra do Jacuripe, na Bahia – além da experiência na produção de novas bandas – gerou uma rede de contatos para Arantes, que inclui o produtor Kassin e cantores como Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz e Tiê.

Todos estão presentes no disco, junto com Adriano Cintra, Curumin, Laura Lavieri, Mariana Aydar, Thiago Pethit e outros nomes de destaque da nova geração da música brasileira, que, conforme explica Arantes, cresceu ouvindo "Lindo Balão Azul".

"Tinha que montar um coro para a faixa ‘Onde Estava Você’, e resolvi chamar esse pessoal, que traz o valor agregado de ser da geração dos meus filhos. É um disco muito geracional, de um homem de 60 anos olhado o mundo dessa turma que está com 30."

Embora criado sem a intenção de tributo, o coro ganha significado ao reunir esta geração em torno de Guilherme Arantes justamente quando seu nome vem sendo relembrado por artistas como Adriana Calcanhotto, Vanessa da Mata e Ed Motta. E, mesmo sem pertencer a uma tradição clara na música brasileira (sua música tinha um olhar "muito feminino" para o rock, e era muito "pop" para a MPB), vem sendo citado como referência para situar o pop de novos artistas, como Jeneci e Silva.

"É um momento em que várias vertentes da música estão se reaproximando um pouco de mim", explica Arantes, para quem o piano está voltando ao pop brasileiro depois de ser varrido das paradas de sucesso pelo axé e pelo pagode. "Vejo isso também no cenário internacional com Keane, Coldplay, Adele. Era natural que eu estivesse nessa onda junto com esses meninos."

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