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Eduardo Moscovis leva ao palco as memórias de infância de Ignácio de Loyola Brandão: palavras em troca de guloseimas | Divulgação
Eduardo Moscovis leva ao palco as memórias de infância de Ignácio de Loyola Brandão: palavras em troca de guloseimas| Foto: Divulgação

As lembranças e os relatos de Ignácio de Loyola Brandão fluem de maneira tão familiar que parecem despertar nossas próprias memórias afetivas. E até quando a história é fictícia, ele nos transporta para o absurdo.

É um dos mais consagrados escritores brasileiros, com obras premiadas, traduzidas e adaptadas. No Festival de Teatro de Curitiba, O Menino Que Vendia Pa­­lavras, peça baseada no livro ho­­mônimo do autor, vencedor do Prêmio Jabuti em 2008, convida crianças e adultos a descobrirem muitos significados (Veja o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo). O espetáculo narra a história de um garoto, filho de um homem muito culto e inteligente, que resolve fazer das palavras uma moeda de troca entre seus amigos.

Não é a primeira vez que uma obra de Brandão é adaptada dos livros para o palco. Não Verás País Nenhum foi encenado no Teatro José de Alencar, em Fortaleza, com direção de Júlio Maciel, em 1987. O romance Zero – premiado e censurado – inspirou, em 1992, um espetáculo de dança realizado pelo Balé da Cidade, no Teatro Municipal de São Paulo.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Brandão falou sobre a mais nova adaptação de sua obra, sob direção de Cristina Moura, que integra a mostra infantil Guritiba e é estrelada pelo ator Eduardo Moscovis. Confira a seguir alguns trechos da conversa:

De onde veio inspiração para criar a história do livro?

Na verdade, a história é uma memória de minha infância. Todos os fatos são reais. Meu pai, os meus amigos (a maioria vivos lá em Araraquara, São Paulo), a professora. Também ela, Lourdes, está viva e fraca, mas com boa memória. É uma graça. Meu pai lia muito e tinha uma enciclopédia. Ele gostava de palavras. Por meio dele passei a gostar. Lourdes incentivava a busca de sinônimos para sabermos mais e mais. E a história de vender é verdadeira. Eu ajudava meus colegas, mas queria que me pagassem com sorvetes, chicletes, bolinhas de gude. Eu fui muito pobre.

O que você achou de ter o livro adaptado para o teatro?

Tinha a maior curiosidade de ver e tinha medo. São duas linguagens diferentes. E o conto se passa lá atrás, na década de 40. Como fariam a transposição? Se o livro é meu filho, a peça é mi­­nha neta. Incrível isso, a criação em cima da criação. Um livro inspirando poesia e ternura como foi colocado no palco. No primeiro dia, entrei inquieto, apavorado. E se tivessem destruído a história? Saí nas nuvens, ao lado de meus netos que ficaram mais fãs ainda de mim. E a reação das crianças na plateia? Cada uma querendo dar uma palavra. A peça tem graça, tem empatia, envolve, pega.

O que você acha que essa linguagem teatral agregou à história?

A linguagem teatral fez os personagens se tornarem de carne e osso, viverem, brincarem, brigarem. Trouxeram a emoção que o humano tem dentro. A peça modernizou a história sem tirar nada dela, sem prejuízo de nada. A peça acrescentou, há música, dança, informática, livros, iPad, tablets. É uma coisa para cima, gostosa.

Serviço:

O Menino Que Vendia Palavras. Teatro Marista (R. Prof. Joaquim de Matos Barreto, 98). Dias 4 e 5 de abril, às 19h30. Ingressos a R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada).

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