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Alternativo

O mestre dos ruídos e da verborragia

Beck é um grande artista. Inquieto e criativo, ele consegue se renovar a cada disco, oferecendo a seu público uma musicalidade única, pulsante e repleta de referências que vão de Os Mutantes ao rap. O mais recente CD do cantor e compositor norte-americano, The Information, não apenas confirma todo esse potencial como representa um passo à frente em sua trajetória. É um dos melhores discos lançados neste ano.

Surgido em meados da década de 90 – quando estreou no cenário musical com o desconcertante álbum Mellow Gold, trabalho que incluía a emblemática "Loser", considerada um dos temas da "Geração X" (hoje na casa dos 30 anos) –, Beck faz de cada trabalho uma obra dotada de identidade própria, embora todos seus discos conversem entre si. No caso de The Information, esse diálogo já inicia-se na primeira faixa, "Elevator Music", uma colagem de sonoridades, que misturam blues e hip- hop, lembrando muito o álbum de estréia do artista. As faixas seguintes impressionam: trata-se de um denso amálgama de jogos de rima, detalhes ritmicos sutis e citações.

Se você for fã de Beck, também vai encontrar em The Information elementos de Odelay, considerado a obra-prima do músico, como a profusão de samples, o ritmo contagiante de canções feitas para dançar e as letras mais faladas do que cantadas. Não faltam, contudo, características que aproximem o disco de outro trabalho-chave na trajetória do artista, o introspectivo, sublime e mais melódico Sea Change.

Beck toca boa parte dos instrumentos presentes em The Information, sendo responsável, ao lado do produtor Nigel Godrich (Radiohead), pela maioria dos sons, ruídos e texturas presentes no CD. Ele também responde pela verborragia, traduzida em versos na faixa "Nausea", já uma das mais executadas na rádios de rock alternativo nos Estados Unidos: "Sou um marinheiro enauseado/ Em um navio de ruídos/ Tenho todos os meus mapas de trás para frente/ E meus instintos envenenados". Vale dizer que essa letra, de cunho claramente existencial, é emoldurada por sons inusitados que incluem os bipes eletrônicos do videogame Pac-Man, favorito dos anos 80, e gaitas folk. Coisas que apenas Beck parece ser capaz de fazer sem parecer caótico ou pretensioso demais. GGGG1/2

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