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Cênicas

O mundo passa por Londrina

Festival internacional realizado há 43 anos no interior do Paraná reflete vertentes contemporâneas do teatro nacional e estrangeiro

O grupo espanhol Cia Bambalina Teatro manipula bonecos em seu  Quijote desde 1992, numa vertente que se desenvolveu no país nos últimos anos | Fotos: Divulgação
O grupo espanhol Cia Bambalina Teatro manipula bonecos em seu Quijote desde 1992, numa vertente que se desenvolveu no país nos últimos anos (Foto: Fotos: Divulgação)
Teatro Delusio coloca a ação nas coxias para mostrar bastidores |

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Teatro Delusio coloca a ação nas coxias para mostrar bastidores

Walter Reyno e Laura Sánchez atuam em Cuestión de Principios |

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Walter Reyno e Laura Sánchez atuam em Cuestión de Principios

Tendências presentes no teatro nacional, como o diálogo com outras artes e a metalinguagem, norteiam os espetáculos da mostra internacional do Festival de Londrina (Filo) deste ano. A programação do evento, que acontece de 10 a 26 de junho, ainda não foi fechada, mas a Gazeta do Povo traz, com exclusividade, o conteúdo de 7 das 12 peças estrangeiras.

"O Filo tem essa proposta de promover o intercâmbio, para que o público e os artistas acompanhem o que vem sendo feito fora", conta o diretor do festival, Luiz Bertipaglia. Estão confirmadas apresentações de grupos da Alemanha, Finlândia, Portugal, Espanha, Argentina, Uruguai e uma coprodução sino-suíça.

Os alemães do Familie Flöz, inéditos no Brasil, exploram o desnudamento teatral que atrai cada vez mais diretores e colocam a cena nos bastidores de um auditório emTeatro Delusio. "O público vai ver o que acontece nas coxias, aquilo que sempre é escondido", conta Bertipaglia, que viu uma apresentação da peça em Berlim. A história pode ser considerada romântica, já que um dos atores está apaixonado pela atriz do espetáculo.

A barreira do idioma não se impõe porque o espetáculo é todo feito em mímica. Os atores também usam máscaras, especialidade do grupo que será esmiuçada em workshop para estudantes de teatro durante o Filo.

A manipulação de bonecos e objetos também é utilizada pelo chinês Yeung Fai, que pertence à quinta geração de sua família de artistas e se apresentará em Londrina. Nem por isso o resultado de Hand Stories é tradicional. "É um espetáculo bastante contemporâneo", avisa Bertipaglia. O trabalho é uma coprodução com o Théatre Vidy-Lousanne, da Suíça.

Os bonecos também surgem no festival falando espanhol, pelas mãos do Bambalina Teatro, da Espanha. O espetáculo Quijote circula desde 1992, o que, para a direção do Filo, atesta sua qualidade. A direção é de Carlos Alfaro.

Outra tendência cênica que estará presente no Filo deste ano é a movimentação do cenário pelos próprios atores, o que fazem os dois artistas da finlandesa Ville Walo & Kalle Hakkarainen. Assim como no caso da manipulação de bonecos, o trabalho é visual, sem textos, mas com o acréscimo de outras linguagens, como elementos circenses, ilusionismo e projeções de um filme da década de 20.

A fusão com o cinema é escancarada pelos portugueses do Teatro Turim, numa proposta que homenageia o filme Persona, de Ingmar Bergman. O título, aliás, é Persona de Ingmar Bergman, e, para a direção, foi convidado um cineasta – o português João Canijo. Algumas cenas da obra-prima sueca são projetadas e outras são encenadas em reprodução fiel.

Latinos

Entre os latino-americanos, o Filo selecionou um grupo argentino que protagoniza a iluminação em seu AMAR. Sem o uso de refletores, os atores iluminam-se mutuamente com lanternas. Outro atrativo é o conceituado ator Alejandro Catalán, que trabalha na peça como diretor e recebeu o prêmio mais importante do país vizinho para iluminação teatral em 2010 por esse trabalho.

Apesar do foco em multilinguagens, há espaço no Filo também para o teatro da palavra, representado pelo grupo uruguaio Teatro Montevideo, que traz a Londrina Cuestión de Principios. Na história, a verborragia dá conta do conflito de gerações entre um pai e sua filha. As legendas salvam quem não entende o espanhol, já que a intenção do texto é envolver e emocionar.

Pioneiro

Entre os sete festivais de teatro internacionais do país, o Filo é o mais antigo: está em sua 43.ª edição. Até o fim da próxima semana deve ser divulgada a programação completa, com entre 40 e 45 espetáculos.

O Filo é realizado pela Associação dos Amigos da Educação e Cultura do Norte do Paraná e pela Universidade Estadual de Londrina. Neste ano, traz em sua programação oficinas, cursos, workshops, encontros de atores e diretores e ainda projetos de inclusão com a comunidade, como espetáculos focados na acessibilidade de pessoas com deficiência.

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