Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Cinema

O mundo segundo Jason Bourne

Trama Internacional, do alemão Tom Tykwer, é derivado da trilogia de filmes estrelados por Matt Damon. Mas uma grande sequência de ação vale o preço do ingresso

Os personagens de Clive Owen e Naomi Watts investigam um caso de venda ilegal de armamentos | Divulgação
Os personagens de Clive Owen e Naomi Watts investigam um caso de venda ilegal de armamentos (Foto: Divulgação)

Até James Bond teve de ser repaginado. Desde a estreia de Identidade Bourne (2002), primeiro filme da fabulosa trilogia baseada nos best sellers de Roberto Ludlum (1927-2001), o cinema de espionagem e ação nunca mais foi o mesmo. Os protagonistas sedutores, fortões e nada vulneráveis de outrora foram substituídos por heróis falíveis, atormentados e muitas vezes à deriva. Esse é o novo paradigma estabelecido por Jason Bourne, vivido por Matt Damon nos três longas-metragens da série que, em breve, ganhará um novo epísódio. O personagem serviu de molde para o atual 007, interpretado por Daniel Craig, e certamente é a principal referência de Louis Salinger, papel do inglês Clive Owen (também em cartaz com Duplicidade) no thriller Trama Internacional, que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

Ex-agente da Scotland Yard, da qual foi demitido por ter metido os pés pelas mãos em um caso que investigava, Salinger agora trabalha para a Interpol. Ao lado da promotora norte-americana Eleanor Whitman (Naomi Watts, de 21 Gramas), ele investiga o envolvimento de uma grande instituição financeira internacional com sede em Luxemburgo, numa transação envolvendo a venda ilegal de armamentos fabricados na China a países do Oriente Médio e da África.

O investigador parece nunca dormir, comer ou se barbear, tamanha sua obsessão pelo caso, pivô de sua saída da Scotland Yard. Vive só num apartamento modesto na cidade francesa de Lyon, sede da Interpol na Europa. Sua mesa de trabalho e as paredes de seu escritório são forradas de documentos, relatórios, fotos e papéis de toda ordem. Uns sobre os outros em estado de caos. Como sua cabeça. Ele está à beira de um colapso. Assim como Bourne, desmemoriado e sempre afogado em angústia. Ou o Bond de 007 – Quantum of Solace, amargurado, vingativo e incapaz de controlar seus ímpetos violentos.

O que decepciona em Trama Internacional é sua história. Embora interessante e, até certo ponto, factível, resulta um tanto derivativa se comparada aos longas da Trilogia Bourne, com os quais tem muito em comum. Mais do que deveria. A começar pelo fato que toma como cenário um mundo absolutamente globalizado – há sequências em Berlim, Lyon, Milão, Luxemburgo e Istambul.

Apesar de ter a assinatura de um cineasta inventivo como o alemão Tom Tykwer (Corra Lola, Corra), o filme tropeça em algumas falhas de ritmo, na edição quase convencional (se comparada ao que se vê nos trabalhos anteriores do diretor germânico) e personagens pouco complexos, à exceção de Salinger. Mas, para salvar a pátria, pelo menos uma grande sequência de ação na trama – e ela vale o preço do ingresso: nos corredores espiralados do Museu Guggenheim, um dos templos da arte moderna em Nova Iorque, mocinhos e bandidos travam uma espetacular e eletrizante batalha campal, de tirar o fôlego. GGG

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.