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O pintor norueguês Alfredo Andersen viajava para Buenos Aires, na Argentina, quando a embarcação que o levava sofreu uma avaria. O navio teve de fazer uma parada imprevista no porto de Paranaguá para reparos. Era a segunda vez que Andersen pisava em terras brasileiras. A primeira havia ocorrido anos antes, no porto de Cabedelo, estado da Paraíba. A visita rendeu a famosa pintura de mesmo título.

O nórdico logo simpatizou com a terra paranaense. Tanto que acabou morando em Paranaguá cerca de dez anos, antes de se estabelecer em Curitiba em 1902, cidade que seria sua casa até a morte, em 1935. Aqui, morou na então Rua Conselheiro Carrão, hoje Rua Mateus Leme, número 336. Mantinha lá seu Atelier e Escola de Desenho e Pintura.

Hoje o espaço abriga o Museu Alfredo Andersen. É onde será inaugurada a exposição Andersen, Amigos e Discípulos, amanhã, às 19 horas. Vinta e quatro das 25 obras expostas são provenientes da Fundação Honorina Valente e foram cedidas em regime de comodato em novembro passado, durante a Semana Andersen 2005. Dez peças são pinturas do próprio Alfredo Andersen e outras 14, expostas pela primeira vez, são de seus discípúlos, artistas que tiveram contato direto ou foram influenciados pelo trabalho do norueguês.

"Muitos deles freqüentaram a escola de Alfredo Andersen, tornando-se artistas, como é o caso de João Turim e Guido Viaro, que o conheceram pessoalmente", conta a curadora da exposição, Cleuseli C. Winters. As 14 obras de discípulos, todas expostas pela primeira vez, incluem trabalhos de João Turin, Traple, Freyesleben, Maria Amélia D’Assumpção, Guido Viaro, Arthur Nísio, Ghelfi, Lange de Morretes e Raimundo Jaskulski.

"O Andersen montou sua escola e trouxe toda sua bagagem cultural, européia para cá. Isso era uma coisa nova para o estado, o contato direto que ele tinha com seus alunos, ensinando paisagem, retrato e cenas de gênero. Por isso, ele pode ser considerado o pai da pintura paranaense", afirma Winters.

O salão nobre que abriga as obras é precisamente o mesmo espaço em que Andersen recebia os seus alunos. A construção foi restaurada na passagem de ano, focada principalmente na recuperação dos antigos cavaletes de madeira. No espaço expositivo, as obras de Andersen e de seus discípulos não foram separadas, mas misturadas para revelar influências e permitir comparações. É o caso de duas telas, uma de Artur Nísio e outra de Lange de Morretes, colocadas lado a lado.

"Lange foi um excelente aluno de Andersen, tendo estudado e produzido na Alemanha, e Nísio foi, por sua vez, aluno de Lange", observa a curadora. Winters observa que uma das características de Andersen como professor era dar liberdade criativa aos alunos. "Ele não interferia, os alunos saíam e faziam suas paisagens, e somente depois elas seriam comentadas pelo professor.

Apenas uma única tela não pertence à Fundação Honorina Valente. Trata-se da tela "Cemitério Norueguês", do próprio Andersen, recentemente adquirida pela Sociedade de Amigos de Alfredo Andersen e especialmente cedida para a ocasião. "É uma tela interessante porque mostra terra de onde Andersen veio, e conta com características de seu trabalho antes de sua vinda ao Brasil", complementa a curadora.

Serviço: Exposição Andersen, Discípulos e Amigos. Salão de Exposições do Museu Alfredo Andersen (R. Mateus Leme, 336), (41) 3323-5148. Inauguração: amanhã, às 19 horas. Até 5 de março.

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