
A banda catarinense Dazaranha se apresenta nesta quarta-feira (10) em Curitiba, no Yankee American Bar. Com 16 anos de estrada, o guitarrista Moriel disse que a banda não culpa o eixo Rio-SP pelo número reduzido de bandas sulistas que alcançam o destaque nacional. "O que barra o trabalho é a incompetência. Seria muito confortável responsabilizar o eixo Rio-SP", completou.
A banda completou mais de uma década e meia em 2008, e foi no ano passado que lançou o mais recente trabalho, "Paralisa". O destaque no som é o tom "de guitarra destorcida com violino", como descreveu Moriel. "Isso caracterizou muito o som do Daza", disse ele.
A sonoridade incorpora um estilo musical bastante diversificado, que inclui o rock, reggae, pop e blues. "As pessoas se identificam por ser uma coisa diferente e não ser uma coisa que já te remete a entendê-la", disse Moriel. "O Dazaranha é meio desconstruído, desde a letra até a sua sonoridade", explicou.
Na onda independente, o Dazaranha investiu no próprio estúdio a partir do retorno obtido com o álbum "Tribo da Lua", de 1998, que alcançou a marca de disco de ouro (50 mil cópias vendidas). "Somos independentes, uma forma de resistência à cultura bem parecida com a capoeira", explicou ele. "A gente quer atingir estabilidade financeira e ela vem com o tempo. Se não vier, do jeito que está agora está bom", confessou.
Confira a entrevista na íntegra:
Já são 16 anos de carreira neste ano. É difícil conseguir destaque como uma banda do Sul do Brasil?
Eu acho que o que barra e tranca um pouco o trabalho é a incompetência. Para que uma banda exista, tem que ter uma veia artística, tem que ter alguma coisa que seja interessante e que ganhe as pessoas. No mais, é criar as idéias, criar os projetos e fazer com que eles aconteçam. Construir um cronograma de trabalho, um disco a cada ano e meio, dois anos. Criar a condição. Eu vejo que a arte tem que criar a condição.
Então você acha que o fato de terem poucas bandas do Sul do país que se destacaram nacionalmente não é uma questão de falta de estrutura ou de oportunidade?
Eu acredito que isso é um estímulo. Se a gente for responsabilizar o eixo Rio-SP por não ter uma representatividade como uma banda seria muito confortável. Nós temos que ir lá e romper, assim como grandes bandas do Sul já romperam.
De onde veio a inspiração para incorporar o violino como um dos principais instrumentos da banda?
Quando a gente começou a banda, um menino que tocava com a gente era o Fernando, que até hoje é o nosso violinista. Ele estudou muito e começou a tocar com a gente e fazer os sons junto com a guitarra, com o Chico. Isso caracterizou muito o som do Dazaranha que é um duo de guitarra distorcida com violino. No caso do Fernando, ele é um cara que estudava muita música rock n roll e suas vertentes, e ele aplicou muito do clássico no som. O som do Daza tem muito dessa intenção.
O Dazaranha tem por característica principal a mistura de vários sons como o rock, reggae, pop e blues. Você acha possível criar uma identidade com toda esta mistura?
Eu acho que não. Eu acho que as pessoas se identificam por ser uma coisa diferente e não ser uma coisa que já te remete a entendê-la. O Dazaranha é meio desconstruído, desde a letra até a sua sonoridade. A gente é pop, mas a informação não é tão mastigada. As pessoas se identificam, e é essa a nossa identidade.
Qual o segredo para que uma banda se mantenha junta e na ativa por tanto tempo?
A gente acredita no nosso som e no nosso trabalho. Estamos aqui todo dia vivendo isso, respirando isso, criando as oportunidades. Damos andamento aos projetos que são vários, desde a pré-produção de disco, gravação de disco, shows, DVDs, várias coisas. A gente cria os projetos e tem que correr atrás da realização deles. Não ficamos esperando uma produtora chamar a gente. A gente também é produtor e corremos atrás dos nossos eventos.
Boa parte do retorno obtido com o sucesso de "Tribo da Lua" foi revertido para a construção de um estúdio próprio da banda. Por que o grupo sentiu esta necessidade de ter esta segurança?
Foi para ter uma ferramenta para trabalhar. A criação de música, para você já gravar o que você está criando. Para ir avaliando. Você pode ter um estúdio razoável e criar muitas coisas com ele. Basicamente é para criar a pré-produção do disco, e depois você pode ir para um estúdio mais sofisticado ou não.
É possível viver de música sem estar no circuito mainstream?
Eu acho que nós somos independentes, somos uma forma de resistência à cultura. Bem parecido com a capoeira. Não só nós, mas várias outras bandas. A gente quer atingir essa estabilidade financeira e ela vem com o tempo. E se não vier, do jeito que está agora está bom.
O álbum "Paralisa" representa um recomeço para a banda. Por quê?
Eu vejo que "Paralisa" é um disco que veio com quase 15 anos de banda, e a gente vem da mesma forma, com uma música no estilo da outra, sem um estilo para seguir. A informação não é tão leve, é meio pesada também. A gente veio da mesma forma. A gente não faz um disco reggae, nós fazemos aquilo ali.
Quais são os próximos passos do grupo?
O projeto mais importante que a gente tem para resolver é o nosso DVD que tem que ser concluído esse ano. A gente já está no momento de estar organizando tudo o que precisa, desde equipes de captação, pessoal, local, data, está em finalização para esse ano.
Já sabe a cidade?
Pode ser um teatro aqui em Florianópolis.




