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O que é que o teatro da Bahia tem?

Mostra paralela do Festival de Curitiba terá sete peças baianas escolhidas pelo ator Wagner Moura

Áfricas conta histórias saídas do Senegal e do Mali: diversidade | Marcio Lima/Divulgação
Áfricas conta histórias saídas do Senegal e do Mali: diversidade (Foto: Marcio Lima/Divulgação)
Luz Negra, do salvadorenho Desleal: faceta experimental da Bahia |

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Luz Negra, do salvadorenho Desleal: faceta experimental da Bahia

Uma novidade da mostra paralela Fringe deste ano, que acontece dentro do Festival de Teatro de Curitiba, de 26 de março a 7 de abril, será a apresentação de sete peças baianas, escolhidas pelo ator Wagner Moura.

"Convidamos o Wagner, que não é curador, mas conhece o trabalho da Bahia, para criar um panorama mais diverso", explica a coordenadora de teatro da Fundação Cultural da Bahia, Maria Marighella. "É uma das coisas mais felizes dos últimos tempos no Fringe", comemora a coordenadora do evento, Ana Hupfer. Os espetáculos serão apresentados no Teatro José Maria Santos ao longo de todo o calendário do festival.

Os trabalhos foram escolhidos entre 28 selecionados para compor um kit de divulgação do estado da Bahia, numa iniciativa louvável de promoção da cultura local.

Há espetáculos que talvez confirmem o imaginário sulista do que seria uma manifestação cultural baiana, como Siré Obá – A Festa do Rei, que é praticamente um ritual em homenagem aos orixás.

Outros dois espetáculos, infantojuvenis, lidam com lendas. Em Áfricas, o Bando de Teatro Olodum ilustra um compilado de contos vindos de Senegal e do Mali, e outros afro-brasileiros. "Queremos inspirar o orgulho da ancestralidade, já que todo o ensino é eurocêntrico", destaca a diretora Chica, em entrevista à Gazeta do Povo. A variedade de cenas procura destacar também que existem "muitas Áfricas", nas palavras da artista.

Já Pássaro do Sol adapta uma lenda indígena usando bonecos, com direção de Olga Gómez e texto de Myriam Fraga.

Identidade

Outros grupos buscam se afastar da identidade afro-brasileira. Luz Negra procurou no autor Álvaro Menén Desleal, de El Salvador, um texto calcado no fantástico e no absurdo para expressar uma crítica à crueldade e insensibilidade. Na peça, duas cabeças decepadas tentam compreender a humanidade.

O grupo Teatro Nu adapta um romance do baiano João Ubaldo Ribeiro, Sargento Getúlio na forma de um monólogo. "Proibi o diretor musical de colocar rabeca, zabumba, coro e sertão no meio", brinca o diretor Gil Vicente Tavares, que conversou com a reportagem.

Quando leu o livro – de uma sentada – o diretor imaginou o momento da execução de uma pessoa, quando toda a vida passa diante de seus olhos. "Esse sertão imaginário, que está na moda, já cansou como imagem e não me interessa. A cultura popular foi recriada por todos os grandes artistas, mas quando se joga o folclore na frente, a gente esquece tudo o que pode estar por trás", explica.

As referências usadas por ele envolvem o metal dos combates e influências musicais árabes, ciganas e muçulmanas – também presentes na raiz do sertanejo, mas menos evidentes.

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