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Performance

O que quer dizer isso?

Coreografia que estreia hoje no Espaço Cênico discute a própria dança contemporânea, com participação da plateia

“Tem coisa que não tem explicação na língua falada, mas podemos fazer o espectador sentir.”
Gladis Tridapalli, coreógrafa | Fotos: Lu Martins/Divulgação
“Tem coisa que não tem explicação na língua falada, mas podemos fazer o espectador sentir.” Gladis Tridapalli, coreógrafa (Foto: Fotos: Lu Martins/Divulgação)
Swingnificado apresenta movimentação enérgica dos corpos que, por vezes, fazem alusão a atos e objetos |

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Swingnificado apresenta movimentação enérgica dos corpos que, por vezes, fazem alusão a atos e objetos

Não é vergonha admitir que saímos de algum espetáculo de dança sem entender muita coisa. E esse é justamente o tema do novo trabalho da Entretantas Conexão em Dança, que apresenta Swingnificado, de hoje a domingo, no Espaço Cênico. Com criação dos coreógrafos Gladis Tridapalli, Mábile Borsatto e Ronie Rodrigues, a peça busca colocar em foco a questão (para alguns, o problema) do que querem dizer todos aqueles movimentos no palco. "O mesmo movimento pode significar diferentes coisas", contou Gladis à Gazeta do Povo. Um braço, por exemplo, pode ser posicionado de forma a lembrar uma bola, e em seguida parecer "só" um braço dentro de Swingnificado. Um a um, os gestos são realizados de forma a ampliar alusões, seja a objetos ou atos. A parte do "suíngue" no título se refere ao ritmo próprio de cada um, quase numa brincadeira sobre a dança.

Uma parte é muito bem ensaiada, mas sobra espaço também para o grupo pedir a influência da própria plateia. "Isso também é ampliar a noção de coreografia. A relação com o público pode ser parte dela", explica Gladis.

Na "pré-estreia" realizada nas dependências da Faculdade de Artes do Paraná, onde Gladis é professora, essa interação foi testada, com sucesso. Dando o devido desconto ao fato de a plateia da FAP ser formada basicamente por artistas, acostumados a esse tipo de proposta, ela conta que experiências passadas com público mais heterogêneo funcionaram igualmente bem.

Em Swingnificado, a plateia é convidada a participar sugerindo movimentos aos bailarinos. "Sempre dá certo, porque, seja qual for o movimento que o público proponha, temos que resolver", explica a coreógrafa.

Obra aberta

Em espetáculos assim, em que uma obra está aberta, sem significados "obrigatórios", o público acaba se tornando construtor de dança, mesmo sentado em sua poltrona. Essa é a opinião de Gladis. "Tem coisa que não tem explicação na língua falada, mas podemos fazer o espectador sentir." Nem sempre uma obra quer dizer alguma coisa, "passar uma mensagem". "O significado transita no plano das sensações. Não se trata de algo literal."

Bate-papo

Por fim, esse exercício de reflexão sobre o próprio sentido de se criar uma coreografia contemporânea e apresentá-la diante de uma plateia costuma dar muitos frutos quando o grupo se dispõe a bater papo com a plateia ao fim do espetáculo.

Essa é uma oportunidade que o coletivo de artistas Couve-Flor, por exemplo, tem dado ao público curitibano no projeto Tête-à-tête e Ocupações. Todo mês, dois artistas apresentam projetos seus em processo de criação e depois debatem com a plateia sobre o processo de criação. Outros dois, de áreas diferentes, se entrevistam – por acaso, Gladis foi uma das primeiras convidadas.

No caso de Swingnificado, o debate não é assim tão formal, mas quem quiser conversar com os coreógrafos ao final do espetáculo será muito bem recebido.

Serviço:

Swingnificado. Espaço Cênico (Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco), (41) 3338-0450. De hoje a sábado, às 20 horas, e domingo, às 19 horas. R$10 e R$5 (meia).

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