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Mostra

O silêncio como aliado

Produção argentina Las Acacias, atração do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, é um filme de estrada incomum e livre de excessos

O motorista Rubén (German de Silva) é obrigado a dar carona para Jacinta (Hebe Duarte), que traz nos braços a bebê Anahí | Divulgação
O motorista Rubén (German de Silva) é obrigado a dar carona para Jacinta (Hebe Duarte), que traz nos braços a bebê Anahí (Foto: Divulgação)

Quem assistir a Las Aca­­­cias, primeiro longa-metragem do argentino Pablo Giorgelli, que integra a programação do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba e será exibido hoje, às 21h45, e amanhã às 14 horas no Espaço Itaú de Cinema, verá um belo exemplo da criativa cinematografia argentina. Apesar de ser uma coprodução com a Espanha, o filme traz a linguagem e a qualidade técnica retomada no cinema do país vizinho na década de 1990, com produções de Lucrecia Martel, Marcelo Piñeyro e Pablo Trapero, diretores que claramente inspiraram Giorgelli.

Dentro da onda de "road movies", o filme se encaixa no gênero, mas não de forma caricata.

Com um cinema livre do excesso de explicações, mas que não ultrapassa a compreensão do espectador, Las Acacias fala sobre a vida do solitário motorista Rubén (German de Silva). Com personalidade dura, ele é obrigado pelo chefe a dar carona de Assunção (Paraguai) até Buenos Aires para a jovem mãe solteira Jacinta (Hebe Duarte), que traz nos braços a bebê Anahí. Aos poucos, o receoso e rude motorista passa a demonstrar atos de gentileza com as duas, depois de vários diálogos curtos com Jacinta. A produção, aliás, é repleta de silêncios, mas sutilezas, como expressões faciais e emoções implícitas dão o tom do entendimento sobre os dois e seus passados, mas sem escancarar suas trajetórias.

Méritos

Com prêmios como o Câmera de Ouro do Festival de Cannes em 2011, de melhor roteiro não publicado no 29.º Festival de Cinema de Havana e da exibição em diversos festivais internacionais e nacionais (integrou a 35.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no ano passado), Giorgelli consegue transformar em acertos elementos que prejudicariam o longa caso fossem mal aplicados. Os extensos períodos sem fala que poderiam deixar a história "arrastada" ajudam no desenrolar do longa. A paisagem de estrada, que corria o risco de ficar monótona, está em sintonia com a rigidez dos personagens. Prestando atenção nas entrelinhas, é possível perceber críticas do diretor sobre as más condições do mercado de trabalho e a busca por uma vida melhor em um país estrangeiro. GGGG

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