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Música

O som de ilustres desconhecidos

A banda inglesa Hot Chip abre hoje à noite o Tim Festival em Curitiba

Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar | Roberto Custódio/JL
Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar (Foto: Roberto Custódio/JL)

Hoje, quem chegar cedo, a partir das 19 horas, na Pedreira Paulo Leminski, vai conferir o show de uma banda que, em sonoridade, é prima de segundo grau das principais atrações do TIM Festival, Arctic Monkeys e The Killers.

Com apenas um disco lançado por aqui, os ingleses do Hot Chip são os ilustres desconhecidos desta edição do evento. Sua música mais famosa, "Over and Over", no entanto, é um hit das casas noturnas e consegue algo raro: agradar tanto aos fãs de música eletrônica quanto àqueles que se animam com o som mais seco do novo rock à la The Strokes. "Somos um grupo de rock-and-roll que faz música dançante", explica Felix Martin, responsável pela bateria eletrônica do quinteto, em entrevista por telefone ao Caderno G.

"Nosso trabalho se baseia na batida quatro por quatro, e também no techno e na house music", descreve Martin. A imprensa britânica, para facilitar as coisas, foi mais do que rápida em jogar o Hot Chip no balaio da "new rave", rótulo que abriga praticamente tudo o que: 1) seja animado; 2) tenha estourado depois dos escoceses do Franz Ferdinand.

Mas o baterista faz questão de dizer que não se sente parte de nenhum movimento, muito menos de uma onda criada pela mídia. "O que existe agora é uma atenção maior em cima dos artistas que estão surgindo na Grã-Bretanha, mas não fazemos parte de uma cena, não nos identificamos nem nos sentimos incluídos naquilo que é descrito pela (revista britânica) NME como ‘new rave’", dispara.

De acordo com Martin, um dos principais motivos para esse distanciamento em relação a bandas similares, como a conterrânea Klaxons, a nova-iorquina The Rapture e a brasileira Cansei de Ser Sexy, é a origem do Hot Chip: "Começamos a fazer música de uma maneira bem diferente, experimentando sons e usando a eletrônica. A partir daí, nos interessamos pela música pop. Mas não éramos, no início, exatamente uma banda de rock que planejava fazer turnês ao redor do mundo".

O Hot Chip tem vários EPs e dois álbuns em sua discografia, mas só The Warning, do ano passado, chegou às prateleiras do Brasil – pelo menos em sua forma física, distribuído pela EMI. O disco entrou em várias listas de "melhores do ano" na Inglaterra, inclusive um honroso 4.º lugar no ranking elaborado pelo já citado semanário musical NME, além de uma indicação ao Mercury Prize, o Grammy da terra da rainha.

Na mistureba electro-pop do Hot Chip é possível ouvir muitas influências. O New Order, que nos anos 80 embaralhou de vez os gêneros dance e rock, é a referência mais óbvia, mas o som do grupo guarda surpresas ainda mais agradáveis. Nas baladas, como "And I Was a Boy from School" e "Look after Me", ouvem-se ecos de soul music e da melancolia folk do Belle & Sebastian. Hip-hop, disco music, lo-fi e até tropicália (o grupo incluiu uma música de Tom Zé em uma coletânea lançada recentemente na Inglaterra) também formam a base do Hot Chip.

Martin conta que ouve muita música dos anos 70, e é dessa década que vem a maior parte do som de sua banda. "Não tenho escutado muita coisa nova que me empolgue. Adoro Popol Vuh e Can", cita. Tais bandas, desconhecidas do grande público, participaram da cena alemã que, há mais de 30 anos, deu origem à música eletrônica moderna.

Recentemente, o Hot Chip foi convidado a remixar duas músicas do Kraftwerk, o integrante mais famoso do kraut rock setentista. "Foi uma honra, principalmente ao saber que eles gostaram do resultado. Escuto Kraftwerk desde os meus 8 anos", diz o músico.

Curitiba poderá ver hoje à noite uma banda que bebe dessa fonte – e de todos os seus blips e blops – e os devolve à platéia em uma roupagem mais moderna e mais encorpada, palatável ao pós-rave do terceiro milênio.

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