Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Aniversário

O som do cinema

O programa de rádio Cinemaskope completa 18 anos garimpando e reproduzindo as maiores trilhas sonoras da história da sétima arte

Colecionador exigente, Tiomkim faz questão de ter as trilhas sonoras em vinil | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Colecionador exigente, Tiomkim faz questão de ter as trilhas sonoras em vinil (Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo)

"Cinema também é para ouvir". Este é um dos mantras do produtor, cineasta e colecionador Osval Dias de Siqueira Filho, o Tiomkim. Desde 1996, ele seleciona e apresenta o programa Cinemaskope, A Maravilhosa Música do Cinema, na rádio e-Paraná, que funciona como a voz da consciência dos cinéfilos românticos.

No próximo domingo, a atração vai completar 18 anos ininterruptos no ar com a mesma proposta: levar aos ouvintes trilhas sonoras bonitas e raras da história do cinema mundial. Tiomkim arrisca, orgulhoso, que o programa deva ser o mais antigo do gênero no país – no estado, certamente é. Ele também faz questão de mencionar que o técnico de som, Joaci Santos, é o mesmo desde o programa número um.

Tiomkim coloca no ar o seu acervo pessoal, que parece inesgotável. Ele estima ter cerca de 5 mil trilhas sonoras nos suportes de vinil, CD, DVD e arquivos digitais. Ele conta que coleciona discos de cinema desde a infância, influenciado pelo pai, o maestro e músico Oswald Siqueira (1920-2000), que foi um dos band leaders mais conhecido entre as décadas de 1950 e 1990 em Curitiba.

O tema o entusiasma, e Tiomkim sempre está pronto para uma aula. "Com o advento do cinema sonoro no final da década de 1920, surgiram os primeiros compositores para cinema. Chamados de ‘sinfônicos’. Geralmente eram europeus que imigraram para a América a partir dos anos 30", explica.

Entre os pioneiros famosos, ele cita Max Steiner, Miklos Rozsa e Bernard Herrmann. "Eram maestros estudiosos de música clássica, que criavam a vertente da trilha sonora. No entanto, os temas compostos, com raras exceções, não chegavam às paradas de sucesso. Isso mudou em 1939, com o sucesso dos filmes E o Vento Levou e O Mágico de Oz, cujos temas sonoros caíram no gosto popular. Alguns anos depois, a canção ‘As Times Goes By’, tema do filme Casablanca, também teve grande sucesso, e consolidou os discos com as trilhas como mais uma opção comercial dos estúdios", observa.

Parcerias

Para Tiomkim, a melhor fase para a música do cinema foram os anos 1960."Foi o tempo das grandes parcerias. Compositores como Henry Mancini fizeram parceria com Blake Edwards, nos filmes da série Pantera Cor de Rosa, por exemplo. E tiveram outras, como Nino Rota e Fellini, Bernard Herrmann e Hitchcock, e Ennio Morricone com Sergio Leone. São duplas que criaram trilhas geniais que caíram no gosto popular", avalia.

O apresentador explica que construiu o seu acervo "garimpando em sebos e lojas especializadas". Da coleção, ele lista algumas pérolas: trilhas raríssimas como Sopro no Coração, de Sidney Bechet e Dizzy Gillespie (filme dirigido por Louis Malle que foi proibido na década de 1970 pela censura brasileira). Ou, a primeira versão, dos anos 1930, de Nasce Uma Estrela, de Max Steiner. E, ainda, um raríssimo musical da Broadway, Tovarich, com Viven Leigh cantando.

Segundo Tiomkim, os LPs com as trilhas são uma forma de manter o filme vivo e eterno no coração dos cinéfilos. E, como colecionador exigente, é adepto do vinil. "As capas destes discos são verdadeiras obras de arte", diz.

Em sua análise, o surgimento do CD na década de 1990 deu fim uma era de ouro para o vinil e para os grandes compositores de cinema. "Atualmente, temos alguns compositores bons, como Danny Elfman, que cria temas para os filmes de Tim Burton, Patrick Doyle e Gustavo Santaolalla. No Paraná, destaco Arrigo Barnabé, que criou as músicas de Oriundi", cita.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.