A música erudita do curitibano Rogério Krieger compositor, regente, violinista e fundador da Orquestra Sinfônica do Paraná estreia, este ano no mercado fonográfico com o CD Ponteios, que será gravado em Curitiba nesta semana. Hoje, a Orquestra Solistas de Londrina (OSL) o interpreta, em formato de ensaio aberto, sob a regência do próprio compositor e com direção artística do maestro Evgueni Ratchev. O evento, que integra o projeto Domingo no Campus, acontece às 11 horas, no Pequeno Auditório do Teatro Positivo e será um concerto comentado, onde o público, além de ser presenteado com a música, terá a oportunidade de conhecer o processo criativo das composições.
São raras as vezes em que um compositor rege suas próprias obras. O público participará dessa ocasião, deparando-se com um momento intimista de Krieger. "Reger a própria composição é como se olhar no espelho. Cada música é uma energia sutil do artista que impressiona as pessoas", contou o compositor à Gazeta do Povo.
O repertório não corre o risco de ser monótono. Ponteios é a junção de sete faixas que retratam várias fases de Krieger, cuja evolução artística transparece nas composições. "Uma série de questões artísticas colaboram para a evolução contida em um trabalho. Já estive clássico. Hoje, estou mais impressionista. Se a gente ficasse sempre do mesmo jeito seria chato."
Inspiração
A fonte de inspiração pode ser um poema, uma tela ou até mesmo uma pessoa. Para Krieger, a música é uma arte que precisa ser inspirada em coisas sublimes. "Há quem não acredite, mas a música produz uma vibração nas pessoas muito importante". Ele atribui parte da justificativa do caos do mundo, ao tipo de música que tem se produzido letras vazias e composições fracas.
A peça "Andante del Greco" inspirada na pintura Ascensão Virginal, de El Greco (15411614) estreia no evento de logo mais, sendo regida pelo compositor pela primeira vez.
Algumas das faixas do CD soam como homenagem as suas fontes inspiradoras e de fato são. "Terceiro Ponteio" é uma declaração de amizade à OSL. "Me inspirei na parceria e no estilo versátil dessa orquestra. Eles possuem componentes musicais muitos expressivos e uma qualidade artística excepcional."
Já na peça "Capoeira e Fandango" recentemente premiada na Bulgária , sons de berimbau se mesclam aos instrumentos clássicos e tão logo as batidas fortes sugerem que uma multidão de fandangos paranaenses invadiu o local.
O convívio diário com a música faz com que o compositor, muitas vezes, queira permanecer em silêncio, o que, segundo ele, não deixa de ser inspirador. Krieger descreve a sua relação com a arte em uma íntima frase: "O que seria do mundo sem música? Seria um corpo sem alma."
Serviço
Domingo no Campus Orquestra Solistas de Londrina interpreta Rogério Krieger. Teatro Positivo Pequeno Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3129. Hoje, às 11 horas. R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).
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