O diretor norte-americano Sidney Lumet, que morreu no último sábado, em decorrência de um linfoma, em sua casa na cidade de Nova York, deixou um grande legado. Em tempos nos quais o cinema contemporâneo norte-americano, sobretudo o comercial, encontra-se muito infantilizado, Lumet impõe-se como um representante de uma vertente bastante distinta, e hoje pouco difundida, na arte de fazer filmes. Sua predileção era por temas adultos, densos e polêmicos, na contramão do que se faz hoje em dia, mais voltado a uma plateia intergeracional, com foco no público jovem.
Nascido na Filadélfia em 1924, Lumet estreou como diretor em 1957, com o filme Doze Homens e Uma Sentença, e, logo de cara, foi indicado ao Oscar de melhor direção categoria que iria disputar outras três vezes, por Um Dia de Cão (1975), Rede de Intrigas (1976) e O Veredito (1982), longas-metragens sérios que tocaram fundo em temas nevrálgicos para a sociedade norte-americana, como violência, sexualidade, o poder dos meios de comunicação de massa e alcoolismo. No entanto, sua única estatueta, honorária, viria apenas em 2005, pelo conjunto de sua obra. Ao todo, seus filmes tiveram mais de 40 indicações ao Oscar.
Certa vez, Lumet escreveu: "Enquanto o objetivo de todos os filmes é entreter, o tipo de filme em que acredito vai um passo além. Ele leva o espectador a examinar uma ou outra faceta de sua própria consciência. Ele estimula o pensamento e coloca para circular o fluxo mental". Uma explicação que hoje ressoa quase como um manifesto, um libelo por uma arte mais engajada e menos descompromissada com a realidade.
Um raro exemplo de maior leveza na filmografia de Lumet é o musical O Mágico Inesquecível (1978), controversa adaptação para o cinema de The Wiz, versão black de O Mágico de Oz, estrelada por Diana Ross, Michael Jackson, Richard Pryor e pela sogra do diretor, a cantora e atriz Lena Horne.
O longa mais recente de Lumet foi o elogiado Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto (2007), drama policial com Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke e Marisa Tomei. O diretor tinha 86 anos.





