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Visuais

O vestígio e o esquecimento do mundo registrados

Atração da Bienal de São Paulo, artista gaúcha Romy Pocztaruk traz pela primeira vez uma exposição individual a Curitiba

Artista percorre países do mundo em busca de espaços abandonados desde 2010 | Romy Pocztaruk/Divulgação
Artista percorre países do mundo em busca de espaços abandonados desde 2010 (Foto: Romy Pocztaruk/Divulgação)
Hotel inutilizado em Sarajevo, construído para os Jogos Olímpicos, em 1984 |

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Hotel inutilizado em Sarajevo, construído para os Jogos Olímpicos, em 1984

Trailers fotografados no Uruguai, em 2014 |

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Trailers fotografados no Uruguai, em 2014

A artista gaúcha Romy Pocztaruk não sabe dizer ao certo de onde vem o seu interesse pelo registro de espaços e cenários esquecidos, mas aposta que a influência da mãe e da irm㠖 ambas arquitetas – e de seu pai, engenheiro civil, tiveram um papel forte, afinal, o tema sempre esteve presente em sua vida. Diversas imagens de espaços que ela fotografou pelo mundo nos últimos anos, sempre com o viés arquitetônico como foco, estarão compilados em uma exposição que ela inaugura na quinta-feira, dia 25, na SIM Galeria. É a primeira vez que ela faz uma individual em Curitiba.

Além da mostra na capital paranaense, a gaúcha é uma das atrações da 31.ª Bienal de São Paulo, que acontece até dezembro.

Uma das séries que Romy trará para Curitiba é Olympia, uma investigação sobre o que ocorreu com estruturas pensadas especificamente para os Jogos Olímpicos em vários países do mundo. Um dos exemplos é Sarajevo, que recebeu as competições em 1984: nos registros da artista, há pistas para esportes de inverno cobertas por vegetações, além de um hotel abandonado. "Eu pensei esse projeto para ir fotografar o hotel, mas nunca sei o que vai acontecer e aparecer durante o trajeto. É uma espécie de exploração com roteiro", explica a artista, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo.

Apesar da predileção pelos locais que são os "resíduos" de um determinado período, o interesse de Romy é mostrar outros equipamentos que sobreviveram ao tempo (como estádios que continuam sendo usados em Sarajevo). "Não são só ruínas, mas sim a dinâmica estrutural da cidade", frisa.

Faz parte da mostra na SIM, ainda, o vídeo Traumberg (2010). Filmado em super-8, o trabalho exibe vários espaços abandonados em Berlim, como um antigo centro de espionagem norte-americano (do período da Segunda Guerra Mundial), um parque de diversões, entre outros locais que a artista encontrou na cidade, durante uma residência artística realizada na capital alemã. "Morei lá [em Berlim] por seis meses, e foi por acaso que encontrei esses lugares. Foi aí que comecei a me interessar por outros espaços semelhantes no mundo. Esse projeto foi o catalisador de vários outros trabalhos", diz Romy.

Entre as séries mais recentes, está Trailers, feita em fevereiro deste ano na costa do Uruguai, e que aconteceu espontaneamente. "Foi uma viagem que fiz na época de Carnaval, e não tinha planejado fotografar. Mas sempre levo a câmera, e acabou que eu encontrei os trailers e um estacionamento", conta. "A ideia é mostrar o que interiores de lugares totalmente diferentes têm em comum. É o que eu quis explorar na exposição", salienta a artista.

Bienal

Uma série de fotos, A Última Aventura (2011), está em cartaz na Bienal de São Paulo – é a primeira vez que Romy expõe no evento. Viabilizada pelo programa Rumos Artes Visuais, a artista realizou uma viagem pela Transamazônica, e expôs as fotos em Porto Alegre no ano passado. "Viram a exposição e me convidaram para a Bienal", diz a gaúcha, que aprecia a proposta do evento de não atingir "só a elite da arte". "Tem um caráter político, o que me interessa."

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