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Amor nos Tempos do Cólera: transposição opaca para o cinema; Ninguém Escreve ao Coronel: adaptação inédita no Brasil | Fotos: Divulgação
Amor nos Tempos do Cólera: transposição opaca para o cinema; Ninguém Escreve ao Coronel: adaptação inédita no Brasil| Foto: Fotos: Divulgação

Gabriel García Márquez foi um apaixonado pelo cinema.

Nos anos 1950, chegou a ser crítico e repórter de cinema do jornal colombiano El Espectador, com sede em Bogotá, mas não escondia de ninguém que achava seus textos sobre filmes medíocres. Apesar de ter estudado, no início daquela década, no Centro Experimental de Cinema em Roma.

Em 1986, foi um dos funda­­­­­­dores da Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, em Cuba, uma das mais importantes da América Latina e teve participação direta nos roteiros de vários filmes, como Tempo de Morrer (1966), do cineasta mexicano Arturo Ripstein, seu amigo pessoal, no qual trabalhou ao lado de outro grande escritor latino-americano, o panamenho radicado no México, Carlos Fuentes (de Gringo Viejo).

Tempo de Morrer, a história de um homem que passa 18 anos preso e retorna a sua pequena cidade, onde ainda é viva a memória do crime que cometeu, teve seu roteiro refilmado em 1986 pelo colombiano Jorge Alí Triana.

Gabo também escreveu o roteiro de Erêndira (1983), baseado no conto "A Incrível e Triste História de Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada" (que dá nome ao livro homônimo), um dos três longas-metragens baseados em sua obra realizados pelo cineasta moçambicano-brasileiro Ruy Guerra (do clássico cinema-novista Os Fuzis), também seu amigo pessoal. Os outros foram A Bela Palomera (1988) e Veneno da Madrugada (2006), além da minissérie Me Alquilo para Soñar, realizada em coprodução entre Cuba e Espanha.

Desses, Erêndira é o mais bem-sucedido. Traz uma muito jovem (e bela) Clau­­­dia Ohana no papel-título de uma adolescente que é prostituída pela avó, vivida pela atriz grega Irene Papas, estrela de Z e Zorba, o Grego.

O longa de Guerra, aliás, está entre as boas adaptações de obras de García Márquez para o cinema, que não renderam nenhum grande filme. Talvez porque, apesar de ser um contador de histórias extraordinárias, muito da força de sua literatura não viesse apenas dos enredos em si, mas da forma sinestésica e arrebatadora com que as tramas ganhavam vida nas páginas de seus livros. No cinema, quase invariavelmente, encolhiam, perdiam sua transcendência e exuberância, soando muitas vezes falsas.

Irregulares

Muitas histórias de Gabo renderam filmes grandes, e muito irregulares. Exemplos não faltam. Em 1987, o italiano Francesco Rosi (de Cadáveres Ilustres) levou para a tela o extraordinário romance Crônica de uma Morte Anunciada, de 1981, com um elenco internacional, e muito desafinado: Rupert Everett, Ornella Mutti, Gian Maria Volonté e Irene Papas, entre outros.

Resultado semelhante foi obtido em 2007, pelo britânico Nike Newell (de Quatro Casamentos e Um Funeral), com sua bem-intencionada, porém opaca transposição do sublime Amor nos Tempos do Cólera, uma das obras-primas do escritor, publicada em 1985. Javier Bardem e Giovanna Mezzogiorno vivem o casal Florentino Ariza e Fermina Daza, que levam toda uma vida para concretizar a promessa de um amor interrompido na juventude. Vale lembrar a participação de Fernanda Montenegro no papel da mãe de Florentino.

Permanecem inéditas no Brasil duas adaptações de livros importantes de Gabo. Em 1999, Arturo Ripstein filmou Ninguém Escreve ao Coronel, com Fernando Luján, Marisa Paredes e Salma Hayek. O filme participou da mostra competitiva do Festival de Cannes e foi premiado no Festival de Sundance.

Em 2011, o cineasta dinamarquês Henning Carlsen adaptou Memória de Minhas Putas Tristes, último romance de García Márquez, publicado em 2004. O filme, mal recebido pela crítica, teve distribuição limitada ao redor do mundo.

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