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5.ª Flip

Os desafios de Parati

Desde sua criação em 2002, festa literária não parou de crescer em várias frentes

Cena do longa "Vizinhos e vizinhas" | Divulgação/www.cinefrance.com.br
Cena do longa "Vizinhos e vizinhas" (Foto: Divulgação/www.cinefrance.com.br)

Parati (RJ) – A Festa Literária Internacional de Parati (Flip) terminou sua 5.ª edição na noite de domingo sem saber mais para onde crescer. Em cinco anos, ela só tem aumentado. Foram mais atrações, mais programação (oficial e paralela), mais público, mais ingressos, mais jornalistas, mais crianças na Flipinha.

Como conseqüências, aumentaram as disputas por ingressos, o número de pessoas que migram para Parati nos cinco dias do evento e os problemas da cidade em dar conta dessa "invasão".

Na noite de sábado, dia 7, pouco antes da apresentação de J. M. Coetzee, um apagão deixou parte da cidade sem luz, afetando sobretudo algumas atrações da Off Flip. Ao longo do fim de semana, também ocorreu falta de água em algumas áreas.

"O desafio para Parati é melhorar sua infra-estrutura urbana", disse Mauro Munhoz, do Conselho Diretor da cidade. Para ele, Parati reúne patrimônios históricos e culturais muito valiosos e precisa se esforçar para fazer deles um ponto de partida para melhorar a cidade em vários aspectos, inclusive no da saúde e da responsabilidade social.

A organização divulgou os números na tarde domingo, estimando um total de 33 mil espectadores nos 21 painéis realizados na Tenda dos Autores e transmitidos ao vivo para o telão da Tenda da Matriz. No ano passado, pouco mais de 24 mil pessoas vivenciaram a festa, o que significa um aumento de 37,5% em 2007.

Um comentário recorrente é que o tamanho da Tenda dos Autores, com 840 lugares, não é suficiente para receber toda as pessoas que querem ter contato com escritores mais célebres, como a sul-africana Nadine Gordimer, protagonista, ao lado de Amós Oz, daquela que foi considerada a melhor mesa da Flip – em um levantamento informal feito pela reportagem com dezenas de participantes.

Munhoz explica que o tamanho da tenda onde fica o palco para os autores não pode ser aumentado, sob o risco de estragar a essência da experiência que é o contato com os autores. "Quando estávamos desenvolvendo a Flip, pesquisamos vários eventos literários internacionais e chegamos à conclusão que o local que recebe os escritores não poderia ter mais que 500 cadeiras", explica. Porém, à medida que desenvolveu o projeto arquitetônico da Flip, conseguiu criar um espaço de 840 lugares sem comprometer a idéia original.

O jornalista Cassiano Elek Machado, da revista Piauí, debutou na função de programador neste ano. Durante a coletiva de imprensa com três integrantes da organização – além dos dois já citados, estava Cris Macedo, responsável pela Flipinha –, Munhoz elogiou o trabalho de Machado e disse que ele só não continua na função no ano que vem se não quiser. Machado agradeceu e desconversou.

"A lista de autores para a próxima Flip (2008) tem zero autores", brincou ao ser questionado se existia algum escritor que gostaria muito de trazer para o Brasil. Mais tarde, afirmou que a Flip procura sempre trazer "os grandes" e que "todo mundo sabe quem são". Por exemplo? "Umberto Eco, Philip Roth, nomes que ainda não vieram a Parati."

Ainda segundo Munhoz, a 5.ª Flip – patrocinada pela Tim e pelo Unibanco – termina com um saldo negativo de quase R$ 70 mil. Seu custo total é de R$ 3,85 milhões. O fato de manter o evento "pequeno" só torna as questões financeiras mais complicadas. Uma das alternativas cogitadas pela fundação Casa Azul, criada para administrar a festa literária, é a venda de DVDs da Flip, registrando os debates entre escritores. Seria a resposta para as orações de um bocado de gente que não tem a sorte de estar em Parati para ver os escritores em carne e osso (ou projetados no telão da Tenda da Matriz).

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