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O libriano Fressato já está preparando o disco solo: o tiozinho da esquina ou a Ivete Sangalo podem ficar à vontade se quiserem tocar suas composições | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
O libriano Fressato já está preparando o disco solo: o tiozinho da esquina ou a Ivete Sangalo podem ficar à vontade se quiserem tocar suas composições| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Turnê

Banda Mais Bonita toca na Europa

Depois do show da Virada Cultural, em Curitiba, e de apresentações em Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro, a Banda Mais Bonita da Cidade se prepara para embarcar para a Europa. O grupo viaja no dia 30 de novembro, e fará quatro apresentações no velho continente.

Em Portugal, o quinteto toca no dia 2 de dezembro em Lisboa (Casa do Alentejo); dia 3 em Braga (Theatro Circo); e dia 4 em Estarreja, cidadezinha no noroeste do país. No dia 7, o show é no Favela Chic, em Paris.

Ainda divulgando seu disco de estreia (que pode ser baixado pelo site www.abandamaisbonitadacidade.art.br), o quinteto volta a Curitiba para o lançamento oficial do álbum, com show marcado para o dia 12 de dezembro, no Guairinha.

"Eu desafino mesmo e não me importo com isso. Se tiver que gritar e desafinar, vou gritar e desafinar. Você que sinta o que quiser."

Leo Fressato, músico e compositor

Há dois anos, um rapaz de cabelo desgrenhado tentava animar os clientes de um bar em Curitiba. Cantava meio desajeitado, tocava violão de uma maneira que alguns poderiam chamar de estilo e outros confundir com amadorismo. Depois, distribuiu folhas de papel para todos e pediu colaboração para a música seguinte. A ideia era aumentar o coro, e cantar o que estava impresso ali, em letras grandes. Mal sabiam aqueles boêmios que entoavam "Oração", música composta por Leo Fressato, que deu no que deu.

O caso é um bom exemplo para se entender quem é e o que se passa na cabeça de Leonardo Fressato dos Santos, 25 anos: ele é alguém que acredita piamente no que faz e insiste em sacudir o mundo, seja compondo músicas, dirigindo peças de teatro, improvisando rimas, cuidando de plantinhas ou fazendo amigos – algumas de suas frentes de atuação.

"Sou de libra, e tem um monte de libriano famoso. John Lennon, Gandhi, Cartola. Metade dos caras que fizeram coisas importantes nas artes são librianos ou arianos", gaba-se Leo, nascido em Brasília a 4 de outubro de 1986. Para Curitiba, viria um ano depois.

A música que correu o mundo foi composta em dezembro de 2008, no chão de um quarto espaçoso, ambiente do 2.º andar de sua casa, que fica no bairro Mercês. Bastaram quinze minutos ao violão – "até porque a música não é um grande mistério" – e uma ideia: exorcizar um antigo amor. "Antes tinha feito uma música super-rancorosa, mas pensei: ‘meu coração só vai melhorar quando olhar com delicadeza para meus amores malfadados’". Durante a entrevista, Leo tocou "Oração". Usou um dedo de cada vez no braço do instrumento, às vezes nenhum. "Fui saber os acordes depois que a música estourou com a banda [Mais Bonita da Cidade]."

Mão pequena

Leo Fressato se interessou pela música aos oito anos. Mas foi como um balde de água fria quando o professor disse que sua mão era muito pequena. Nem cavaquinho servia, tinha de esperar. Então fez aulas de flauta doce no colégio em que estudava. Começou a escrever poemas algum tempo depois, enquanto ouvia os vinis de seu pai – muito Clube da Esquina e Milton Nascimento. Fez um curso intermediário de música na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e finalmente se formou em Artes Cênicas na Faculdade de Artes do Paraná.

Quando sobe no palco, Leo Fressato pega fogo. Emulando o que seria uma mistura de Renato Russo e Cazuza, o músico concentra olhares. Realmente é impossível ficar indiferente à sua performance. "Fiz pesquisas sobre os limites: o ator vive ou interpreta aquilo? Quis trazer isso para o palco", diz.

E se você disser que Leo desafina, isso não lhe provoca dor nenhuma. "Eu desafino mesmo e não me importo com isso. Se tiver que gritar e desafinar, vou gritar e desafinar. Você que sinta o que quiser. Pode achar feio ou bom, mas garanto que você vai sair balançadinho".

Ana Larousse, amiga de longa data e parceira mais próxima do músico, cunhou o adjetivo "fressatiano". "É porque ele se entrega, se enfia nas canções, olha nos olhos das pessoas, chora, grita, se joga no chão", explica Ana. Para Rodrigo Lemos, guitarrista d’A Banda Mais Bonita da Cidade, Leo não cabe em si. "Esse negócio de ‘transbordar’ não é apenas um traço pessoal, como é a maior característica do trabalho dele como artista", conta o músico.

E sobre "Oração" e a Banda Mais Bonita, aliás, Leo imaginou que poderia se dar melhor. "Pensei que teria mais retorno, que mais gente saberia quem é Leo Fressato. As pessoas pensam que eu sou da banda. Isso me incomoda um pouco", diz. Mas não há planos para que o grupo ganhe um novo integrante. "Se eu entrasse, seria como assassinar um dos trabalhos. Minha ligação com eles é como compositor. Não vale a pena para nenhuma das partes." Há três músicas suas no disco da banda, lançado há cerca de um mês.

Autofagia

Com o fator "Oração", algo mudou em Curitiba? A pergunta foi feita a Leo Fressato, que se saiu com essa. "Parece que a música estimulou as pessoas a produzirem audiovisual. Estão mais confiantes", diz. Leo também tem uma teoria sobre o que um dia foi chamado de "autofagia curitibana". "O que a gente tem de bom é que não estamos infectados pelo passado, com concepções de como as coisas devem ser feitas. Isso permite que façamos baião, MPB e rock-and-roll. Se pegar cinco caras que fazem MPB aqui, cada um vai fazer algo completamente diferente. Se os cinco forem do Rio, quatro vão fazer uma coisa meio sambinha."

Leo já trabalha em seu disco solo. O plano é gravar tudo e apresentar a alguma gravadora, para distribuição. Há músicas novas e outras já conhecidas. Tudo daquele jeito fressatiano exagerado. "O que mais quero é que toquem a minha música. Pode ser o tiozinho da esquina ou a Ivete Sangalo. Pô, seria legal se ela tocasse ‘Oração’ no carnaval..."

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